04/04/2020

TransEspinhaço #2: Diamantina x Vila de Santa Bárbara


De olho nas folgas mais longas do calendário, no decorrer do ano vamos pensando em uma infinidade de roteiros, dando preferência praquelas rotas mais compridas pelo Espinhaço. Como é uma caminhada totalmente autônoma, feita no modo solo ou em poucas pessoas, uma logística simples é fundamental para o sucesso da jornada.

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Desta forma, uma opção que já figurava no imaginário era uma caminhada saindo de Diamantina, rumo à borda oeste do Espinhaço, passando pelo Parque Estadual do Biribiri e pelo Nacional das Sempre-Vivas, rompendo por trilhas antigas do Espinhaço. Aproveitando que tínhamos 5 dias, fizemos também um pequeno desvio de 20km para revisitar uma das cachoeiras mais bonitas da região e de Minas. Relato na sequência.


Dia 1: Diamantina x Formiga

Com a previsão ligeiramente favorável, prevendo somente um pouco de chuva ao longo dos 5 dias, saímos de BH na sexta, dia 27 de dezembro. A rodoviária estava abarrotada de gente e ônibus, de forma que fomos embarcar com uns 30 minutos de atraso. Tirando a saída um pouco caótica da capital, o resto da viagem foi tranquila e assim seguimos rumo ao Alto Jequitinhonha, para a histórica Diamantina.

Desembarcamos pouco depois das 5:30 no terminal rodoviário local, dia 28 de dezembro. As pessoas logo tomaram seus respectivos rumos e ficamos, praticamente, só Luiz e eu por ali. Aguardamos um pouco até que a padaria abrisse, pontualmente às 6:00. Fizemos nosso desjejum e às 6:30 colocamos o pé na estrada, lembrando que uma longa jornada começa com um pequeno passo rs.

Saindo do Largo Dom João, em frente a antiga estação ferroviária, fomos, em ligeiro declive, caminhando para noroeste, em direção à rua do Bicame. Diamantina ainda dormia e víamos poucas pessoas pelas ruelas históricas. Em um bom ritmo logo chegamos a parte mais afastada do centro diamantino, próximo à entrada do Parque Estadual do Biribiri. Ali deixamos o estradão de terra para atravessar um passa-um e começar o trecho de trilhas.

A trilha nos leva rapidamente a um campo de futebol, onde é preciso ter atenção para seguir o caminho correto, pois a trilha começa um pouco discreta entre os afloramentos rochosos, tomando o rumo nordeste. A caminhada segue em ligeiro declive entre um cerradinho e campos rupestres, levando em direção ao córrego Água Limpa, que cruzamos às 7:22, depois de percorrer 4,1km. Havia uma quantidade boa de água no local, que despencava em por uma queda estreita à esquerda da passagem. Após uma passagem rápida por um capãozinho de mata, saímos novamente em um cerradinho, onde temos a companhia da serra dos Cristais, à direita com um imponente paredão. Na bifurcação mantivemos o rumo, ignorando a trilha que leva direto à cachoeira dos Cristais. Como não é só correria, queria aproveitar a pernada para conhecer a cachoeira do Sentinela, dentro do Biribiri.

Por um declive moderado, com alguns trechos calçados de pedras, vamos perdendo altitude e nos aproximando do córrego Sentinela, onde faríamos nossa primeira parada. Às 8:17 chegamos ao topo da cachoeira, no entanto resolvemos descer até a parte mais baixa dela, onde estão os poços mais conhecidos e visitados. Para nossa surpresa já tinham alguns viventes na cachoeira, naquela hora da manhã, mesmo com o tempo meio nublado. Enquanto Luiz descansava nas pedras, na parte superior da cachoeira, resolvi encarar aquelas águas, para tirar o zinabre da viagem.

Depois de um banho revigorante e um ligeiro descanso, retornamos à caminhada. Agora na margem oposta do córrego Sentinela, vamos subindo por uma trilha discreta próximo da margem, até encontrar a trilha consolidada mais acima. Agora seguimos em aclive, caminhando em direção à serra dos Cristais. A subida é forte em alguns trechos, no caminho cruzamos alguns postes de madeiro bem antigos, que pela carta topográfica parecem ser os remanescentes de uma linha de alta tensão que ligava Diamantina ao vilarejo de Biribiri.

Cachoeira dos Cristais

Após a forte subida, tornamos a descer, agora em direção ao córrego dos Cristais. Antes de chegar nele, no entanto, ainda passamos pelo córrego Lajeado e Lambari, que com as chuvas estavam com boa quantidade de água. Já finalizando o trecho que, até então, era inédito pra mim, e retornando ao caminho já conhecido que fizemos na travessia São João x Diamantina, avistamos uma senhora serpente na beira da trilha. Na verdade, quem viu e deu o alarme foi o Luiz, eu já estava passando sem ver nada rs. Como não é um encontro frequente, observamos um pouco a serpente e tiramos algumas fotos, antes de prosseguir a jornada.

Às 10:52, depois de percorrermos 13,6km, chegamos ao córrego dos Cristais, que estava com o nível de água próximo do normal, mesmo com as chuvas da semana anterior. Cruzamos rapidamente e saímos em uma trilha-estradinha de tropa mais consolidada que passa acima daquele ponto. Mais 300 metros de caminhada e chegávamos à cachoeira dos Cristais, sempre uma beleza! Para nossa sorte não havia ninguém por lá – ainda. Aproveitamos o sol que já mostrava a cara para logo cair na água, que é sempre um pouco mais fria que o padrão Espinhaço. Aproveitamos o local por quase 1 hora e seguimos para o vilarejo de Biribiri, onde faríamos nossa parada de almoço. Da cachoeira até o vilarejo a caminhada é por um estradão, com algum movimento de veículos e pouquíssima sombra. A chegada ao vilarejo reserva uma belíssima vista de uma igreja entre as serras, incrustada no vale do ribeirão das Pedras.

Vista de Biribiri

Às 12:41 chegamos ao vilarejo e encostamos na mesa de um dos bares. Aproveitei a tomada local para dar uma carga no celular e pedimos alguma coisa para beber. Após comermos e aliviarmos um pouco o peso de nossas cargueiras, às 13:45 voltamos ao batente. A caminhada segue por uma estradinha, esta sem movimentos de veículos, margeando o curso do ribeirão das Pedras, cada vez mais distantes. Em ligeiro aclive seguimos até interceptar o estradão que leva à localidade de Vargem do Pinheiro, donde descemos um pouco pela estrada até acessar uma trilha que segue paralela. Em virtude de uma cerca instalada mais abaixo, a trilha vai ficando suja com o avanço da caminhada. Após cruzar a cerca saímos em uma área de capoeira e mantivemos o rumo norte. Cruzamos outra cerca e caminhamos entre trilhos de gado e moitas de capim até chegar a uma terceira cerca, no alto de um morro. Pulamos essa com mais facilidade e passamos a descer por uma área de capoeira/pastagem, em direção ao rio Pinheiro.

As margens do rio Pinheiro estavam reservadas como o local do nosso primeiro acampamento, mas como chegamos relativamente cedo, às 15:32, e o calor era abrasador, resolvemos nos refrescar um pouco por ali e seguir até o Formiga, aproveitando para adiantar o dia seguinte, que também seria longo. Depois de mais um banho revigorante e uma ligeira bronzeada rs, apertamos nossas cargueiras mais uma vez e tocamos serra acima, rumo ao córrego Formiga.

Rio Pinheiro

Após uma pequena escalaminhada, onde subimos por um degrau, enfrentamos um trecho-atalho de trilha suja, que nos levou ao caminho consolidado sem mais delongas. Em nível, a caminhada segue por um trecho arborizado, cruzando alguns cursos d’água. Depois da passagem pelo córrego do Cocho, onde pegamos um pouco d’água, enfretamos a segunda subida forte do dia.

Avançamos por um cerrado repleto de pequizeiros e interceptamos a estradinha que dá acesso à localidade de Formiga num patamar superior da serra da Guiné. Pela estradinha, arenosa em alguns pontos, prosseguimos, agora em ligeiro declive. Às 18:04 chegamos a uma das casas do córrego da Formiga, onde conversamos um pouco com o senhor que reside lá. Ele nos indicou o lugar mais propício para acampar, que era a algumas centenas de metros dali, subindo por uma trilha que margeia o córrego. Seguimos a indicação e às 18:11, já no fim da tarde, chegamos ao local de acampamento. Tomamos banho no córrego que passa próximo e a noite foi destinada, integralmente, ao descanso. Nem comida tivemos que fazer, já que ambos levamos tudo pronto para consumo.

Neste dia caminhamos 29,3km.

Dia 2: Formiga x Capivara

O dia amanheceu nebuloso nas bandas do córrego Formiga. Acordamos antes das 6:00 e organizamos nossas coisas lentamente. Às 7:12 deixamos nosso local de acampamento, caminhando para o sul, para reecontrar a trilha principal, que leva a São João da Chapada. Atravessamos o córrego Formiga pela pinguela meio escondida e começamos a subir mais um patamar da serra da Guiné.

A subida já começa forte, passamos por mais uma casinha do Formiga onde alguns cachorros latiram para a gente. Depois de avançar um pouco para sudoeste, a trilha faz uma curva para noroeste e assim mantém, acompanhando de longe o leito do córrego da Lavrinha. Por um terreno mais estável vamos, lentamente, ganhando altitude. Em alguns pontos é possível ver as antenas e casinhas no alto da serra, lá em São João. Ainda tinha muito pra subir!

Subida para São João

Às 9:11 passamos pelo córrego da Guiné, única fonte perene de água neste trecho entre o Formiga e São João. Após o córrego tem início mais uma forte subida, a última do dia. Deixamos por completo os afloramentos rochosos para caminhar em um terreno arenoso e empoeirado. As nossas costas abre-se um belíssimo visual, com várias serras entrecortadas por vales encaixados, é o Espinhaço!

Às 9:46, numa manhã ainda nublada de domingo, chegamos à pacata São João da Chapada, distrito do município de Diamantina, mais um vilarejo surgido da mineração. Aproveitamos para comprar algumas coisinhas. Enquanto Luiz procurava uma água com gás, eu ia atrás de umas pilhas para assegurar a carga do GPS até o fim. Também aproveitamos para fazer um rápido lanche no local, antes de prosseguir pelo estradão. Eram 10:52 quando passamos pela capela de São João, em direção ao Campo Sampaio.

Seguimos por mais de 5km em um estradão, sempre rumando para oeste. Aos poucos as nuvens vão se dissipando e o sol começa a sapecar no planalto diamantino. Numa das bifurcações, ignoramos a estrada mais consolidada, que segue para a região de Macacos e Quarteis, para tomar uma estradinha arenoso que segue para a região da Lapinha. Passamos por uma cancela de ferro e, logo após, deixamos a estradinha em favor de uma trilha discreta que saía à direita. Essa trilha atalha uma barriga que a estradinha faz, poupando-nos algumas centenas de metros de caminhada.

A estradinha deixa os campos abertos característicos do Espinhaço e passa a avançar por uma matinha viçosa. Mais a frente, em um ponto onde cavalos pastavam, ignoramos uma saída à direita da estradinha (que seria um senhor atalho, verificando mais tarde). Saímos novamente em campo e seguimos em ligeiro declive, já avistando algumas casinhas na porção mais baixa do terreno. Logo chegamos ao mirrado córrego da Lapinha, onde resolvemos fazer uma parada para almoço.

O sol e o mormaço judiavam, assim que dividimos uma das poucas sombras que havia por ali com alguns insetos sedentos por sangue. Descansamos por quase 1 hora, observando a aproximação de nuvens suspeitas, vindas do norte. Às 13:48 voltamos a caminhar, dessa vez seguindo por uma estradinha precária para noroeste, em direção ao rio Pardo Grande. Depois de um ligeiro aclive, começamos a descer lentamente, tendo no horizonte um belíssimo conjunto de serras: a do Córrego Novo. Mais a frente deixamos a estradinha em favor de uma trilha-atalho, um pouco suja, é verdade, que nos poupa algumas dezenas de metros.

Às 14:50, com o odômetro batendo 21,5km caminhados, chegamos ao rio Pardo Grande, em um trecho relativamente próximo de sua nascente. Bem espraiado por um leito deveras arenoso, trata-se de um rio de travessia simples, já que a profundidade costuma ser mínima. No entanto, devido a sua largura, dificilmente é possível atravessá-lo sem tirar as botas. E no descalçar-calçar as botas, a chuva que avistávamos de longe chegou e caiu.

Serra do Córrego Novo ao fundo

A princípio era uma chuva fraca, então resolvemos prosseguir. Rejeitamos o convite para tomar café em um dos sítios que existe a margem do rio Pardo e continuamos a subir pelo terreno. Aqui uma situação nova: a trilha antiga virou área de roça, passaram o trator no local e arredaram a cerca. Então fomos contornando a cerca, seguindo uma trilha-estradinha mais nova. No fundo do terreno seguimos margeando a cerca, atravessando uma área recém roçada, que futuramente também deve ser cercada, reencontrando a trilha antiga mais acima.

A chuva aperta e aceleramos em meio ao cerrado. A navegação exige certo cuidado neste trecho, pois são alguns os encontros e desencontros com uma estradinha. Com algumas curvas, mas mantendo o rumo noroeste, passamos por uma tronqueira e avançamos por um cerradão, com muitas árvores. A chuva cai de vez e eu fico completamente ensopado, já que resolvi deixar o anorak guardado, cobrindo somente a cargueira. Já Luiz estava encapotado, mas a chuva era tanta que eu duvidava que ele estivesse completamente seco rs. Faltando cerca de 300 metros pro local do nosso acampamento e o cacau caindo com gosto, resolvemos esperar nos arredores de um pequizeiro, que protegia um pouco do aguaceiro.

Arrumamos um tronco caído de assento e por ali esperamos, de olho no trânsito das nuvens, na esperança do toró passar. E logo passou! A chuva foi enfraquecendo e algumas partes do céu abrindo. Depois de 40 minutos de espera, enfim estiou de vez e um sol foi dando as caras, timidamente. Então fomos lá acabar de chegar, armando acampamento após cruzar um pequeno afluente do córrego Capivara.

Às 16:48 arranchamos numa área bem aconchegante, que já estava secando com o sol tímido que batia naquela tarde. Enquanto montávamos nossas barracas, observei que o pequeno afluente, que tínhamos acabado de cruzar num passo, estava cheio de água! Rapidamente ele subiu alguns centímetros, já era a água da chuva chegando. E isso era ótimo, pois o pocinho mirrado ganhou corpo e ajudou na hora do banho rs.

Neste dia caminhamos 25,3km.

Dia 3: Capivara x Rio Preto

Depois de uma noite bem agradável e sem chuva, mais uma vez acordamos cedo. Dessa vez amanheceu com pouquíssimas nuvens, prometendo um sol forte logo pela manhã. Com algumas peças de roupas ainda molhadas, assim como as barracas, ficamos um pouco mais no local de acampamento, aproveitando o sol da manhã.

Às 7:58, de café tomado, deixamos o local, continuando pela trilha no rumo norte. Algumas centenas de metros depois, percebo que a trilha divergia um pouco do tracklog que eu estava me baseando, que era o do Chico Trekking. Como o Espinhaço tem muitos caminhos, resolvi voltar e seguir fielmente o traçado do Chico. Então desatravessamos o afluente do Capivara, pulamos uma cerca e fomos lá atravessar o córrego Capivara por uma passagem. Acontece que o vau estava um pouco profundo, com água batendo no umbigo rs. Mesmo assim atravessamos, com a cargueira na cabeça. Na outra margem tiramos a areia do pé e vestimos novamente nossas roupas. Começamos a andar em um campo. A trilha, então marcada, foi enfraquecendo. Caminhando para noroeste, logo chegamos a uma outra cerca e outro afluente do Capivara para cruzar. Estranhei, mas prosseguimos. Depois de cruzar o pequeno afluente e passar por uns arbustos, saímos novamente em campos, interceptando mais a frente uma trilha. Ué???

Subida leve pelos campos

Fomos trollados pela escolha que o Chico fez de acampar nos campos da outra margem do córrego Capivara rs. Se tivéssemos continuado pela trilha que iniciamos a caminhada, cruzaríamos o Capivara por uma pinguela em mau estado de conservação, porém não perderíamos o tempo de descalçar-calçar as botas e não precisaríamos molhar quase que por inteiro na travessia do vau. O Chico me paga! rsrs.

De volta ao trilho, vamos seguindo para noroeste, em ligeiro aclive. Avançamos por um cerradinho, com predominância de vegetação rasteira. O platô na extremidade norte da Serra do Tigre estava bem encharcado, em virtude das chuvas de verão e por ser uma região de nascente. A trilha vai contornando os afloramentos rochosos e as serras ao redor. A medida que avançamos o platô vai ficando cada vez mais estreito e logo embrenhamos em um capão de mata encaixado entre duas serranias.

Deixamos o calorão dos campos para caminhar em ambiente mais fresco. Logo passamos pelo córrego Santa Rita, bem próximo de sua nascente, córrego que vamos rever no trecho final do dia, já bem mais encorpado. A caminhada avança pelo capão de mata, com alguns trechos úmidos com água vertendo pela trilha. Também passamos por alguns trechos calçados por pedras, denotando que aquela trilha, ora suja, já foi passagem de muita tropa.

Mais a frente a trilha deixa o rumo noroeste e dá uma guinada para sul-sudoeste, trecho em que deixamos o capão de mata e saímos em um gerais, que me lembrou bastante as caminhadas que fiz na Chapada Diamantina. No horizonte os imponentes afloramentos da Tigre e da Onça marcam a paisagem. Passamos por alguns afluentes do córrego Paciência, que vertiam boa quantidade de água. Aos poucos a trilha vai retomando o rumo noroeste, a partir daí começamos a avistar as casinhas lá da localidade de Santa Rita.

Vista para o Tigre e para a Onça

A trilha segue em nível, proporcionando uma visão privilegiada do entorno. Vamos avançando por um cerradinho, iniciando a descida para o fundo do vale. Por vezes vários trilhos paralelos surgem e desaparecem, assim que tentamos manter o caminho mais batido. Logo chegamos aos campos do fundo do vale. A trilha segue em relevo suave, acompanhando o leito do córrego Vertente do Paciência, conforme informa a carta do IBGE. Mantivemos o pequeno córrego sempre a nossa direita, até chegarmos à drenagem principal daquela região, que é o córrego Paciência. Com as chuvas recentes o córrego estava com muita água e uma travessia sem molhar os pés parecia difícil. Tentando aqui e ali, pulando de pedra em pedra, pisando em arbustos, com alguma dificuldade, consegui fazer a travessia, assim como o Luiz.

Às 12:16 já estávamos em terra firme, do outro lado do Paciência. Até ali já tínhamos caminhado 11.5km, faltando pouca coisa pra chegarmos ao principal objetivo do dia: cachoeira de Santa Rita. Passamos por duas casas que ficam próximas ao córrego e iniciamos a subida por uma estradinha, seguindo para oeste. Depois de passar por duas cancelas, em vez de tomar o rumo norte, resolvemos ir até o “bar” de Santa Rita, uma casa perto dos eucaliptos. Um cachorro que latia preguiçosamente debaixo de uma caminhonete antiga deu o sinal e um rapaz surgiu na casinha. Perguntamos se o bar estava aberto e entramos.

A bem da verdade é que no local só vendem cerveja, nada mais. Talvez, com pouco de sorte, pode ser que consigam preparar alguma porção ou algo do tipo, coisa simples. Aproveitei a energia pra dar uma carga no telefone e pedimos uma Kaiser, famosa única opção. E não é que foi a melhor Kaiser de nossas vidas? As IPAs que lutem rs. De quebra ainda conseguimos filar boia no almoço que tinha acabado de sair. A parada não poderia ter sido melhor.

Descansados e de buxim cheio, às 13:39 deixamos o “bar” e agora tomamos a estradinha que segue para o norte, em direção à capelinha de Santa Rita. A estradinha segue em aclive suave, do lado direito, distantes da rodagem, algumas casinhas. Antes de chegar à capelinha tomamos à direita na bifurcação. Depois de um trecho quase plano, começamos um leve declive. A estradinha corta um cerrado bem característico, com suas árvores pequenas e tortuosas. Sinal de moradia não há, a exceção da própria estradinha e de alguns postes de energia, que avistamos em alguns pontos.

Passamos por uma cancela e, logo depois, tivemos que pular o córrego Grota de Santa Rita, espalhado sobre a estradinha depois das chuvas. Aqui adentramos pela porção sul do Parque Nacional das Sempre Vivas. Vamos perdendo altitude pela estradinha, cada vez mais em condições precárias, até que chegamos a um rancho, aparentemente desabitado. No meio da descida, um pouco antes do rancho, passamos por um veículo estacionado, sinal de que teríamos gente pelo caminho.

Após a passagem pelo rancho a estradinha toma outro rumo e, agora, passamos a seguir por uma trilha bem consolidada. Cruzamos um brejinho, um ponto próximo a nascente onde sempre tem água empoçada. A trilha segue por uma capoeira e logo chega a mais um curso d’água, dessa vez um pequeno córrego de águas lentas, afluentes do Santa Rita. Improvisamos sobre um tronco e fizemos a travessia, pelo menos eu molhei um pouco da bota. A trilha segue por baixo, logo subimos um pequeno barranco e chegamos a uma porteirinha. Depois dela reencontramos o córrego Santa Rita, pelo qual passamos no início da jornada, lá na serra do Tigre. Mais uma vez passei sem tirar as botas e o Luiz me seguiu.

Prosseguimos na trilha bem consolidada por algumas centenas de metros até que chegamos ao rio Preto, um dos principais cursos d’água dessa área do Parque Nacional das Sempre Vivas, junto com o rio Curimataí. Como o rio estava bem cheio, a travessia é relativamente longa, embora rasa em vários pontos. Se na seca já é difícil cruzar sem molhar os pés, ficar com as botas não era uma opção. Às 15:15 fizemos a travessia e foram quase 20 minutos até retomarmos a caminhada.

Estávamos bem próximos do nosso objetivo principal, com pretensão de acampar nas proximidades da cachoeira. Antes de chegar ao ponto de acesso encontramos um grupo voltando, era deles aquele carro que víamos na estradinha. Perguntaram se estávamos indo pra cachoeira e respondemos que sim. Disseram que estavam ali desde cedo e não conseguiram chegar à cachoeira. Oferecemos companhia e eles aceitaram.

Um pouco após o rio Preto deixamos a trilha consolidada que leva a Curimataí e embrenhamos num cerrado recém queimado, rumo ao topo da cachoeira de Santa Rita. Não há trilha consolidada, ainda mais com a queimada recente que houve no local. Vamos seguindo morro abaixo, mas antes da metade da descida o pessoal que incorporou nosso grupo resolver desistir e deu meia volta.

Cachoeira de Santa Rita, bombando!

Prosseguimos Luiz e eu, descendo rumo ao rio. Ao chegar ao leito, verifiquei que o nível d’água estava muito alto e que não seria possível ir descendo por ali. Então voltamos um pouco pelo cerrado e pegamos um caminho paralelo ao rio. Nesse meio caminho encontrei uma área interessante para acampamento, onde deixamos nossas cargueiras. Leves, fomos de encontro ao rio, onde conseguimos acessar uma parte seca do leito, onde foi possível prosseguir até o topo da cachoeira. No meio do caminho, no entanto, meu GPS desgarrou do mosquetão e voou para um mergulho em uma pequena fenda com água acumulada. Até eu perceber que era meu GPS que tinha saído voando, preciosos segundos se passaram com ele afundando naquela água – até então – parada. Quando a ficha caiu corri em sua salvação e enfiei e a mão na fenda, resgatando-o de um possível afogamento rs. Para surpresa de todos ele seguia funcionando, mesmo depois de alguns segundos de imersão e com alguns botões faltando.

Muita água! Demais! Assim estava aquela que deve ser uma das cachoeiras mais bonitas do estado de Minas Gerais. Sem dúvida a mais bonita do Parque Nacional das Sempre Vivas. Santa Rita estava bombando! Luiz ficou encantando com a imponência, assim como eu quando a vi pela primeira vez. Ficamos um tempo ali só contemplando. Embora fosse possível, resolvemos por não descer até o poço, tendo em vista que o rio já estava cheio e o tempo não estava muito amigável, ameaçando uma chuva.

Fotos de praxe, retornamos. Tentei desligar o GPS mas ele acabou travando e não deu mais qualquer sinal de vida. Então voltamos só no faro, já que não há trilha consolidada nesse trecho. Com facilidade chegamos ao local onde estavam as cargueiras e ali resolvemos por adiantar um pouco o trajeto, acampando no ponto de travessia do rio Preto. Tocamos morro acima, interceptando a trilha consolidada depois de um pouco de vara-mato. Sem dificuldades fizemos o caminho de volta até o rio Preto, porém, antes de desatravessá-lo, tomamos à esquerda numa trilha discreta, que nos levou a uma área de acampamento bem interessante, que eu já conhecida da travessia Santa Bárbara x Curimataí.

Chegamos por volta das 18:00, acredito. O restante do dia foi destinado a banho, montar acampamento, comer e dormir. Embora a chuva parecesse iminente, não choveu e a noite foi bem agradável. Neste dia caminhamos 23,6km.

Dia 4: Rio Preto x Barragem Caída

Mais um dia amanhecido na serra! As poucas nuvens no céu indicavam que teríamos um dia quente pela frente. Como a distância a percorrer não era das mais longas e o relevo era suave grande parte do caminho, decidimos aproveitar melhor aquelas margens do rio Preto e já começar o dia com um banho de rio.

Com alguma tristeza por não poder ficar mais tempo naquelas águas, saímos do local de acampamento às 8:41. Saímos de chinelo mesmo, tendo em vista que atravessaríamos o largo e caudaloso rio Preto em seguida. Após a travessia calçamos as botas e seguimos pela trilha em nível, em meio a um cerrado. Alguns minutos depois já estávamos cruzando o córrego Santa Rita, outro local muito convidativo para um banho nos pocinhos abaixo da pequena queda d’água. Consegui atravessar sem tirar as botas, mais uma vez, enquanto o Luiz preferiu tirá-las.

Rio Preto logo pela manhã

De volta à trilha, caminhamos mais um pouco pelo terreno arenoso até chegar em um afluente do Santa Rita. Improvisamos uns troncos e conseguimos fazer a travessia, molhando um pouco as botas. Agora a trilha segue por entre uma capoeira, área onde é possível avistar gado de vez em quando. Cruzamos o brejinho, que sempre está lá, agora seguimos em verdadeiro aclive, tomando a antiga estradinha que leva ao povoado de Santa Rita.

A subida é longa, embora relativamente leve em boa parte do tempo. Aos poucos vamos saindo do vale do rio Preto, subindo pelo cerrado que o rodeia. Às 10:31 chegamos à capelinha de Santa Rita, onde decidimos fazer uma parada mais prolongada. Era hora de aproveitar a água torneiral dali e também a fonte de energia. Com o celular recarregado, às 12:05 deixamos o local, continuando pela estradinha.

Serra do Galho, quase imperceptível, centralizada em último plano

Em vez de seguirmos pela estradinha até próximo ao bar, onde passamos no dia anterior, tomamos uma trilha à direita, que corta um bom caminho. Saímos novamente na estradinha, desta vez na que desce a serra em direção a Buenópolis e região. Por um breve momento seguimos para oeste e fomos ultrapassados por um cavaleiro já de idade. Na porteira que tem mais acima, o senhor nos esperava, aguardando nossa passagem. Porém não seguimos pela porteira que o senhor gentilmente segurava, em vez disso entramos por uma outra porteira à esquerda, tomando uma trilha-estradinha para o rumo sudoeste.

Avançamos pela trilha-estradinha, mantendo sempre à direita, até chegar a uma tronqueira. Aqui a estradinha acaba e passamos a seguir por uma trilha em ligeiro aclive. O cerrado vai dando lugar a um cerradinho e campos rupestres. Vamos ganhando o topo da extensão norte da serra Capão da Onça, ponto culminante do 4º dia de caminhada. Tornamos a ter aquele visual da serra do Tigre e da Onça, desta vez a leste.

No topo da serra predomina um cerrado, algumas trilhas se cruzam e várias outras seguem paralelas ao rumo pretendido. A ideia aqui é se manter no caminho principal, sem se desviar do rumo sudoeste. Seguimos por um caminho na parte mais alta da vertente, diferente do caminho que fiz da última vez, quando da travessia Santa Bárbara x Curimataí. Daquela vez passamos numa porção mais baixa e lembro que era possível visualizar o fundo do vale com seus campos de flores.

A medida que vamos nos aproximando do córrego Três Paus, que corre mais abaixo e onde é preciso cruzar, percebo que aquela trilha que seguíamos não desceria a vertente. Pelo contrário, a trilha segue batida pelo topo e se manda para o sul, muito provavelmente seguindo lá pros lados do povoado de Batatal, já em Diamantina. Então resolvemos deixar a trilha batida e seguir descendo pela vertente, por um trecho de campos. Logo interceptamos a trilha que segue mais abaixo, sem dificuldade. Então seguimos por ela até o ponto de travessia do pequeno córrego Três Paus.

Chegamos ao córrego às 14:26, depois de percorrer 15,5km e fizemos uma parada breve para um lanche, tendo em vista que o local de acampamento já estava próximo. O tempo, que foi nublando ao longo da tarde, fechou de vez. A chuva parecia coisa de instantes pra cair. Logo começaram os pingos deixamos o córrego, precisamente às 14:42.

A trilha agora segue para oeste, avançando pelo cerrado e acompanhando as veredas do córrego Espinho, onde o Três Paus deságua. Os pingos ficaram mais frequentes e logo a chuva veio de vez. Dez minutos após termos saído do córrego, tivemos que parar para esperar a chuva cair. Diante daquele tanto de árvore baixa e retorcida, típicas de cerrado, escolhemos uma que mais ou menos nos protegeria do grosso da chuva.

Vargem dos Coqueiros, as veredas do córrego do Espinho

Ficamos parados por 40 minutos, enquanto a chuva ia e vinha, ora mais forte, ora mais fraca. Então, às 15:32, quando a chuva pareceu dar uma ligeira trégua, retornamos à caminhada. Avançamos por aquele cerrado molhado por alguns quilômetros até interceptar uma estradinha arenosa que vem lá das bandas de Santa Rita. Seguimos pela direita, rumando para o norte por algumas centenas de metros até encontrar uma casinha isolada no meio de um terreno. Era ali nosso ponto final, a barragem caída.

Às 16:21 paramos de vez. O céu se limpava aos poucos, embora desse cara de que mais chuva estaria por vir. Enquanto o capim daquele sítio secava, rondávamos o terreno em busca do melhor local para montar barraca. O fim da tarde foi destinado a encontrar um local mais limpo e a tomar banho no riacho da Areia, onde está a barragem que caiu a cerca de 5 anos.

Neste dia caminhamos 19,5km.

5º dia: Barragem Caída x Santa Bárbara

1º de janeiro de 2020 começou espetacular, é bom dizer. Ensolarado, sem nuvens, era uma maravilha estar naquela serra! Como a caminhada era pouca até o vilarejo de Santa Bárbara, começamos o dia bem devagar. Luiz aproveitou para tomar um banho de rio, enquanto eu aproveitava o sol. Sem pressa ajeitamos nossas cargueiras pela última vez e tomamos nosso café da manhã.

Lago no nível máximo

Às 8:40 deixamos o local, retornando até a estradinha arenosa, dessa vez tomando o rumo sul. Seguimos de chinelo por algumas centenas de metros até a travessia do córrego Espinho, local com algumas quedas e pocinhos bem agradáveis. Calçados após a travessia, seguimos agora para oeste, pela estradinha de terra batida e com algumas erosões.

Depois de vencer o pequeno aclive, a caminhada segue por um suava declive, proporcionando um visual para a serra do Cabral, do outro lado do vale do rio Curimataí, o principal daquele trecho do sertão. A estradinha vai piorando até que se torna uma trilha com muito cascalho. Mais a frente passamos pelo que devia ser um antigo sítio, tendo em vista o pomar que se formou no local. Busquei alguns limões, mas não estavam bons. Luiz teve mais sorte com as mangas. Após o pomar fizemos uma rápida parada em um dos afluentes do córrego Espinho para reabastecer.

Às 10:06 recomeçamos a caminhada. A trilha permanece ampla, denotando que por ali já passaram muitas tropas e até mesmo alguns veículos. Seguimos agora no rumo noroeste. O cerrado vai dando lugar a uma capoeira, a trilha mais batida parecer levar a um sítio ou coisa parecida próximo a umas palmeiras. Neste instante deixamos o caminho consolidado em favor de uma trilha bem discreta e suja, que deve estar assim porque o terreno foi remexido nos últimos anos.

O trecho sujo é curto e rapidamente saímos na continuação bem demarcada e ampla da trilha. O terreno é bastante irregular, com muito cascalho e pedras soltas. Quando chegamos aos 1.000 metros de altitude, tem início uma forte descida, que termina mesmo só no vilarejo. Como não tem sido muito utilizado, há diversos galhos e árvores caídos sobre o caminho, além de muitos arbustos com espinhos. No entanto, mesmo subutilizada, é possível perceber que esta não é uma trilha qualquer. A passagem é ampla, em alguns pontos a trilha é calçada e em outros se observa a regularidade do piso. Certamente deve ter sido uma importante passagem de tropas, o que levou a construção de um caminho bem estruturado.
Uma estrada para as tropas

Às 11:16 chegamos à barragem de Santo Antônio, no encalço de um grupo que fez uma travessia parecida com a nossa, porém começando em Biribiri. Em vez de ficar na barragem, resolvemos atravessar o córrego do Espinho e descer mais um pouco acompanhando o leito, a fim de chegar nas quedas superiores da cachoeira de Santa Bárbara. Tão logo atravessamos o córrego, seguimos por cima da tubulação do aqueduto que sai da barragem, até interceptar a trilha que leva ao topo da cachoeira mais abaixo. Após 8,1km de caminhada chegamos à cachoeira, onde tomamos nosso último banho de rio da travessia.

O topo da cachoeira de Santa Bárbara é bem interessante, além da vista pro sertão e pra Serra do Cabral – onde desabava uma bela chuva, o local é composto por diversos pocinhos, verdadeiras piscinas de borda infinita.

Topo da cachoeira de Santa Bárbara

Nosso banho não se prolongou muito e às 12:09 já estávamos de saída. De volta à trilha, terminamos de descer a Serra de Minas, chegando ao vilarejo às 12:30, depois de percorrer 9,8km. Era o fim de uma ótima travessia de 5 dias pelo Espinhaço, que contou com uma bela contribuição do tempo, somente com pancadas de chuvas isoladas. Logo nosso resgate chegou e combinamos o horário de saída. Depois de descansar um pouco ali no vilarejo, seguimos por 12km de carro até a BR, onde tomamos o ônibus de volta pra BH. Depois de uma longa jornada, acabei chegando em casa por volta das 21:00, debaixo de um pé d’água!

Ao todo foram 107,6km de caminhada, concluídos em 5 dias bem tranquilos.

LOGÍSTICA:
A logística adotada foi relativamente simples, tendo por base a saída e o retorno à Belo Horizonte. O primeiro trecho a ser percorrido é BH a Diamantina, feito pela Viação Pássaro Verde, com vários horários diários. Tendo em vista que o primeiro dia é longo, o ideal é tomar o último carro do dia anterior ao início da travessia, isto é, sair de BH às 23:59 e chegando à Diamantina por volta das 5:30.

Não há transporte regular de passageiros para o vilarejo de Santa Bárbara, de forma que são duas as opções: caminhar aproximadamente 12km até a BR-135, onde passam diversos ônibus, ou, com antecedência, combinar um resgate com algum morador local. Optamos pelo resgate, até pelo fato do nosso ônibus passar no início da tarde.

O retorno à BH foi feito por ônibus de viagem, da viação Transnorte. Atenção: a passagem deve ser comprada com antecedência, caso contrário corre o risco do ônibus não parar no local. Caso faça a compra pela Transnorte e embarque no trevo de acesso à Santa Bárbara, compre a seção Estação Curimataí x Belo Horizonte (esta seção só está disponível com vários horários no guichê da empresa).

Aí basta programar o horário do fim da travessia com o horário provável do ônibus. No nosso caso estimamos terminar a travessia até 12:30, como de fato ocorreu, para embarcar no ônibus que passaria às 13:45 (no nosso caso específico, o ônibus atrasou bastante e fomos embarcar mais de 1 hora depois).

OBSERVAÇÕES:

A dificuldade, de uma forma geral, pode ser classificada como moderada. Embora seja uma trilha longa pros padrões brasileiros, que demanda uma experiência prévia em caminhadas autônomas, trata-se de um relevo normalmente amigável, com trilhas de fácil navegação. De qualquer forma, principalmente pela distância, não é uma caminhada recomendada para pessoas iniciantes no trekking.

Esta travessia cruza um trecho do Parque Estadual do Biribiri e outro do Parque Nacional das Sempre Vivas, no entanto, a maior parte da caminhada é feita em propriedades particulares. SEJA DISCRETO, LEVE SEU LIXO DE VOLTA, NÃO FAÇA FOGUEIRAS, FECHE AS PORTEIRAS/TRONQUEIRAS QUE PASSAR, SEJA CORTÊS COM OS MORADORES LOCAIS.

Há algumas rotas de escape ao longo do trajeto, considerando-se o retorno ao ponto inicial ou a chegada a São João da Chapada, distrito que conta com transporte regular para Diamantina. A partir do distrito de São João, deve-se avaliar o que é mais prático, o retorno ou a continuação. Das proximidades do vilarejo de Santa Rita a melhor opção é descer a serra pela estrada, rumo a Buenópolis, porém são várias horas de caminhada ou mesmo mais de uma dia até chegar a algum local com infraestrura. O povoado de Santa Rita conta só com algumas casinhas, não há nem comércio estabelecido no local.

Há sinal de telefone (VIVO) em várias partes do trajeto, principalmente no trecho inicial até São João da Chapada e no trecho final a partir da Barragem de Santo Antônio. Em alguns locais mais altos da Serra Capão da Onça e da estradinha após a Barragem Caída também é possível conseguir sinal. Boa oferta de água ao longo da travessia, principalmente no período chuvoso. Considero uma autonomia de 1.5L o suficiente.

É possível realizar esta travessia durante todo o ano. Mesmo com chuvas eventuais, a passagem pelos rios costuma ser tranquila e rasa. No entanto, o período chuvoso demanda atenção em virtude das cabeças d’água, que podem ocorrer, e de tempestades elétricas.

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