Eita
Espinhaço que é grandimaisdaconta, sô! Depois de muito namorar a
Cachoeira de Santa Rita, que conheci através de fotos do amigo Chico
Trekking, chegou a hora de explorar um pouco mais dessa região
central da Serra do Espinhaço.
No
feriado de 7 de Setembro partimos para o norte mineiro, para uma
caminhada de 3 dias entre Santa Bárbara (município de Augusto de
Lima) e Curimataí (município de Buenópolis), cortando trechos de
cerrado, campos de altitude, veredas e riachos.
1º
dia: Santa Bárbara x Barragem Caída (Riacho d’Areia)
Deixamos
BH no início da manhã de sexta, primeiro dia de feriado. Por volta
das 06:15 já estávamos na BR-040, rumo ao norte de Minas. Um pouco
de trânsito na saída da capital, mas, a medida que avançávamos, a
viagem foi ficando mais tranquila. Parada rápida para um lanche
reforçado antes de iniciar a trilha em Augusto de Lima. Depois foram
mais 27km de asfalto até o vilarejo de Santa Bárbara, que fica no
sopé da Serra do Espinhaço.
Estava
tudo muito calmo por lá. Tentamos contatar o Mauro, que faria nosso
resgate em Curimataí, mas ele tinha dado uma saída. Deixamos o
carro na Pousada Sombra do Espinhaço, após sugestão do gerente, e
tratamos logo de iniciar a caminhada.
Às
11:07 deixamos a boa sombra da pousada e começamos a caminhar pela
rua principal do povoado, em direção a serra. O local estava uma
tranquilidade só! Pelo caminho as casinhas com pinturas novas chamam
a atenção. Poucos minutos depois chegamos ao fim da rua principal,
onde fica o prédio da antiga fábrica de tecidos. Depois de algumas
fotos do local, dobramos à direita e a estradinha de terra dá lugar
a uma trilha, é o começo da subida da serra.
Neste
início a trilha é bem ampla, trata-se de um leito precário de uma
antiga estradinha, muito provavelmente abandonada após a construção
das barragens. A subida é suave, mas o sol escaldante e o céu sem
nuvens demonstravam que não teríamos vida fácil no primeiro dia. A
vegetação de cerrado extremamente desfolhada e as rochas do chão
irradiando o calor deixavam a subida um pouco mais difícil.
Barragem Santo Antônio
Depois
da barragem, a trilha alterna subidas moderadas com trechos de curta
estabilidade. A vegetação ajuda em alguns pontos, impedindo que o
sol incida direto nas nossas cabeças. Vamos nos afastando do leito
do Riacho d’Areia e a trilha vai se encaminhando para sudeste.
Passamos por uma nascente de um pequeno tributário, mas estava bem
mirrada com pequenos poços de água parada. Neste ponto a trilha
apresenta uma subida um pouco mais acentuada, ascendendo em direção
a uma espécie de garganta no alto da serra.
No
fim da subida mais puxada parei numa das poucas sombras do local para
esperar o grupo se juntar novamente. Carol chegou logo depois e o
Pedro e a Pati vieram na sequência. Descansamos um pouco mais e
demos prosseguimento, agora seguindo por um campo cerrado em relevo
mais estável. Às 13:17 passamos por uma tronqueira e vamos seguindo
o leito de uma antiga e precária estradinha, sob um sol de rachar
mamona. Algumas centenas de metros a frente passamos por uma
capoeirinha, com várias trilhas para todos os lados, o que demanda
um pouco de atenção na navegação.
Alguns
minutos depois deixamos a estradinha em favor de uma trilha que
seguia pela esquerda. As duas opções levam ao mesmo lugar: um
pequeno tributário do Riacho d’Areia. Às 13:48, depois de
percorrermos 6.3km, enfim sombra e água fresca! Rapidamente nos
acomodamos na margem arenosa do pequeno córrego para hidratação e
lanche. Este é o primeiro ponto de água após a barragem de Santo
Antônio.
Pouco
tempo depois, enquanto descansávamos, um barulho de moto foi ficando
cada vez mais próximo. Logo surgiu um rapaz numa motinha estilo Mad
Max, toda soldada para segurar o tranco daquelas estradinhas.
Conversamos um pouco, ele falou que tava por ali tocando gado e que o
povoado de Santa Rita estava pertinho (pertinho de mineiro, é
claro!). Pouco depois de ir, ele passou voltando pela estradinha. E
logo após foi nossa vez de cruzar o pequeno córrego para dar
prosseguimento na caminhada.
Cruzamos
o pequeno córrego alguns metros acima do ponto de passagem, num
local com muitas pedras, onde não foi preciso tirar as botas.
Passamos por uma cerca de arame farpado e retornamos à estradinha
precária, por onde seguiríamos até a proximidade do nosso
acampamento.
Algumas
dezenas de metros depois do córrego passamos por um casebre caído,
cercado por um arame novo, que conta com um belo pomar no quintal.
Enquanto catava alguns limões, um barulho alto e forte surgiu do
nada. De pronto imaginei que uma caminhonete estava aproximando. Como
não chegava nenhum veículo, logo veio a segunda hipótese: fogo! Um
pouco acima do casebre um trecho de cerrado era sapecado pelas
labaredas. A impressão era que o fogo tinha começado há instantes,
já que o som das chamas sapecando surgiu do nada.
Nos
apressamos para passar pelo fogo antes que as chamas se alastrassem
para o outro lado da estradinha. Agora vamos subindo por uma área
mais aberta, rodeado por um cerrado meio pálido. Próximo a um
rancho, cruzamos uma tronqueira nova e continuamos pela estradinha,
agora em melhores condições.
Em
nível vamos nos aproximando do Córrego do Espinho, o cerrado vai
dando lugar aos campos e os buritis que acompanham o leito do córrego
surgem no horizonte. Às 15:32, depois de 9.1km, cruzamos o raso
Córrego do Espinho, que forma alguns pocinhos mais abaixo.
Continuamos à esquerda pela estradinha arenosa, já próximos do fim
da caminhada. Pouco mais de 470 metros após a passagem pelo córrego,
deixamos a estradinha para entrar em um rancho abandonado à
esquerda.
O
local tem uma construção centralizada no terreno e é rodeado por
uma capoeirinha. Havia muita bosta de vaca no terreno, nem a parte de
dentro do casebre foi perdoada! No fundo do terreno passa o Riacho da
Areia, onde fica a “famosa” barragem caída, uma construção bem
maior que as que existem a jusante, mas que não suportou a força da
água e sucumbiu há poucos anos.
Como
o calor era demais e ainda estava cedo, deixamos as cargueiras junto
ao casebre e tratamos de ir ao rio para tomar um banho. O Riacho da
Areia não tem muitos poços excelentes, mas achamos um bom remanso a
100 ou 150 metros acima do casebre. Fiquei por lá até próximo ao
fim da tarde. Com o sol mais baixo foi possível pensar melhor num
local para armar a barraca, numa área com menor densidade de cocô
de vaca. rs
A
noite foi bem fresquinha no alto da serra. Como o local era
descampado, o vento atrapalhou um pouco na hora de cozinhar, mas
conseguimos fazer uma bela barreira com algumas telhas. Depois das
tarefas usuais de acampamento, descanso!
Neste
dia caminhamos 9.6km.
2º
dia: Barragem Caída x Rio Preto
Acordamos
cedo, logo após o sol dar as caras no alto da serra. Com
tranquilidade desfizemos o acampamento e às 8:30 demos início à
segunda parte da nossa jornada. O tempo estava bem aberto, indicando
que teríamos mais um dia de sol forte. Deixamos o rancho e fizemos o
caminho inverso do final da tarde anterior. Um pouco antes de
atravessar o Córrego do Espinho, deixamos a estradinha em favor de
uma trilha um pouco discreta que seguia pela direita, se aproximando
das veredas.
Na
parte de baixo do terreno temos as belíssimas veredas do Córrego do
Espinho, enquanto na parte alta, a nossa esquerda, tínhamos um
vigoroso cerrado. São muitas bifurcações e trilhas paralelas neste
trecho, o caminho a ser seguido depende do quão perto o caminhante
deseja passar das veredas. Como um amante dessas paisagens, logo
tratei de passar o mais próximo possível, com direito a muitas
paradas para contemplação.
Veredas do Espinho
Depois
de cruzar o córrego tem início um curto aclive com inclinação
moderada. A trilha deixa o sentido leste e começa a avançar no
sentido nordeste. Agora seguimos em ligeiro aclive, por um trecho de
campos com pouquíssima sombra. Em alguma parte daqueles campos,
avistamos um senhor na parte baixa do terreno, colhendo algumas
plantas e acompanhado por alguns cachorros. Talvez fosse o dono da
moto. Acenamos de longe e seguimos caminhando.
A
trilha vai se aproximando de um trecho de cerrado e vários
caminhando vão surgindo por todos os cantos. Tomamos um trilho mais
consolidado que seguia para o norte, mas logo depois demos uma
guinada para leste, seguindo por outro trilho também consolidado. A
subida volta a ficar um pouco mais forte. No horizonte já avisto
alguns bois e vacas, que percebem a nossa presença e começam a se
afastar. Depois de passar por tronqueira, cruzamos uma das nascentes
do Córrego Três Paus. Ao lado do local onde a água corria mirrada,
havia um copo improvisado, feito de garrafa de plástico cortada,
para ajudar a matar a sede de quem passa por ali. Como a água era
pouca, passei sem abastecer.
Seguimos
subindo, agora por um campo aberto, nos aproximando de uma boiada que
pastava por ali. Os animais se empolgaram com a nossa presença e se
fixaram na gente. Enquanto Carol planejava uma forma de escapar da
chifrada de um dos bois, esperamos o Pedro e a Pati se aproximarem
para passarmos todos juntos. Por algumas centenas de metros fomos
seguidos de perto pela boiada curiosa, que muito provavelmente
esperava ser agraciada com algum salzinho ou coisa do tipo. Depois de
um tempo, vendo que não ia ter sal nenhum, eles caíram na real e
voltaram pras suas atividades usuais.
A
trilha dá uma estabilizada e o aclive vai ficando cada vez mais
suave, vamos nos aproximando do limite norte da Serra Capão da Onça,
com amplos visuais para toda a região do entorno. Salta aos nossos
olhos a bela formação rochosa da Serra do Tigre, ao leste. No topo
da serra, aproveitamos uma das poucas sombras oferecida pelo cerrado
para descanso e lanche.
Depois
de alcançarmos a beira do Capão da Onça, iniciamos a descida rumo
ao povoado de Santa Rita. Podia ter seguido por uma trilha que seguia
para noroeste, mas preferi conhecer um suposto atalho. Depois de uma
descida acentuada por afloramentos rochosos, chegamos a uma pequena
porteira de madeira. A trilha mais consolidada seguia no sentido
norte, mas primeiro exploro as trilhas que seguem acompanhando o
capão de mata, nas cabeceiras do Córrego Paciência. Depois de
alguns metros os caminhos vão se fechando e resolvo voltar. Pra
minha surpresa o senhor que estava colhendo plantas lá nas
cabeceiras do Córrego Três Paus já estava no nosso encalço, com
um fardo de plantinhas na cabeça.
Seu
Joaquim, como se apresentou, nos indica que o caminho é pela trilha
mais batida. Enquanto contava algumas coisas sobre sua vida e a
região, Seu Joaquim guiava nosso grupo, tomando a dianteira na
trilha. Em relevo estável vamos seguindo entre capoeira e cerrado,
nos aproximando de uma casinha que tínhamos visto de longe. Era a
casa do Seu Joaquim! Quando chegamos na entrada da casa, fomos
ensaiando uma despedida, mas ele como típico mineiro não podia
deixar de nos convidar pra tomar um café. Esse tipo de pedido é
praticamente irrecusável, não adianta argumentar, o melhor é
aceitar e aproveitar o tempo pra prosear e descansar.
Espalhadas
no quintal de casa, as plantas que Seu Joaquim colheu na serra
secavam ao sol. Sua “namorada”, como ele nos apresentou,
organizava as plantas já secas em pequenos fardos, que
posteriormente seriam vendidos. É de onde ele tira um dinheirinho,
como ele mesmo nos disse.
Aproveitamos
a parada pra descansar mais um pouco e fugir do sol, que pra variar
estava torrando nossos miolos. Depois do café, ainda abastecemos
nossas garrafas com uma água gelada oferecida pelo Seu Joaquim. Bão
dimais da conta!
Às
13:15 voltamos pra caminhada, agora subindo pela estradinha de acesso
ao terreno do Seu Joaquim. Seguimos à direita numa bifurcação e
vamos nos aproximando da estradinha que liga o bairro de Santa Rita
ao pé da serra, nas imediações de Santa Bárbara e Curimataí.
Passamos por uma cerca nova e descemos alguns metros pela estradinha,
a qual deixamos em favor de uma trilha que seguia à esquerda,
cortando um trecho de capoeira. Este é um atalho para evitar a volta
que a estradinha dá, uma opção para quem não precisa descer ao
“centro” de Santa Rita.
Cruzamos
mais uma cerca e, na parte mais baixa do terreno, interceptamos uma
estradinha. No horizonte, numa parte mais elevada, já avistávamos a
capela de Santa Rita, local escolhido como nossa parada de almoço.
Às 13:59, depois de 13.6km, entramos no terreno da capela e nos
apossamos de uma área coberta para fazer nosso banquete. No fundo do
terreno duas torneiras com água fresca para abastecer nossas
garrafinhas.
Passamos
por um rancho e, mais a frente, por um brejinho, onde é preciso
tomar cuidado pra não afundar as botas na água barrenta. Depois de
passar por uma capoeira, descemos em direção a um pequeno córrego.
A largura e a profundidade não permitiam atravessar sem tirar as
botas, então voltei um pouco na trilha pra resgatar um tronco seco,
que serviu de ponte. Seguimos por uma espécie de leito seco, à
direita, subimos em direção a uma capoeira e cruzamos mais uma
porteira. Poucos metros depois chegamos ao leito do Córrego de Santa
Rita, que cruzamos com facilidade pelo leito rochoso.
Depois
de uma pequena subida, entre vários afloramentos rochosos, a trilha
estabiliza e segue em nível até o Rio Preto, onde chegamos às
17:00. Procuramos uma forma de atravessar sem tirar as botas, mas
estava complicado. Enquanto o pessoal explorava rio acima, atravessei
do jeito que deu, molhando um pouco. Na outra margem do Rio Preto
deixei a trilha consolidada para seguir por um caminho à direita,
que vai acompanhando o leito rio acima. Depois de pouco mais de 100
metros, encontro uma área para acampamento, onde arriamos às 17:08.
Rio Preto
Neste
dia caminhamos 19.5km.
3º
dia: Rio Preto x Curimataí
No
terceiro dia fomos um pouco mais ágeis na desmontagem do acampamento
e deixamos o Rio Preto às 8:07, com destino a cachoeira de Santa
Rita. Continuamos pela trilha consolidada seguindo para o norte e,
cerca de 800 metros depois do acampamento, deixamos a trilha para
fazer o ataque à cachoeira. Escondemos as cargueiras atrás de umas
árvores e seguimos somente com o necessário dentro de mochilas de
ataque.
O
acesso para a cachoeira de Santa Rita ainda não está definido e
tampouco está consolidado. Trata-se de um trecho sem trilhas
definidas, passando por afloramentos, vegetação rasteira e de porte
arbustivo até chegar ao leito do Rio Preto. Depois basta descer pelo
leito do rio até encontrar o tesouro do Parque Nacional das
Sempre-Vivas.
Às
09:06 chegamos ao topo da cachoeira e gastamos alguns minutos lá
apreciando a belíssima vista. Depois foi o momento de cruzar o Rio
Preto para sua margem esquerda e iniciar a descida por uma trilha
discreta aberta em meio a mata. A descida exige bastante atenção em
alguns pontos, devido aos desnível e pelo fato de ser uma trilha bem
discreta. Sem muitas dificuldades realizamos a descida com sucesso e
chegamos ao poço às 09:32.
Às
13:08, sob um sol esturricante, deixamos o Boqueirão para percorrer
o trecho final da travessia. Após passar por uma porteira a trilha
segue em ligeiro declive no sentido sudoeste até dar uma guinada
para o norte. A partir daí começa uma longa subida, com
aproximadamente 5km de extensão. O trecho inicial é mais pesado,
ainda mais com o calorão do norte mineiro. A subida vai ficando mais
suave, mas o terreno vai ficando cada vez mais complicado. Os
afloramentos rochosos dão lugar a uma trilha arenosa, bem pesada. No
caminho algumas carcaças de gado ilustravam a dificuldade do trecho.
Avançamos
entre trechos de campos e cerrados, com pouquíssima sombra. Às
14:07 cruzamos um pequeno tributário do Rio Preto, mas não havia
água corrente. Mais a frente a trilha consolidada é interrompida
por uma cerca nova, colocada próxima a um curral e de uma pequena
construção. O jeito é contornar pela esquerda, para retornar ao
trilho consolidado alguns metros depois. Algumas pessoas saíram de
dentro do único cômodo construído, curiosas com aquele bando
caminhando debaixo de lua daquelas. Povo doido!
Às
14:51, já com 10.5km acumulados no dia, chegamos ao ponto mais alto
dessa longa subida. No horizonte a extensa depressão comum aos
tributários do Rio das Velhas. Aproveitamos a pequena sombra de uma
árvore para entrar em contato com o Mauro lá de Santa Bárbara,
para avisar que chegaríamos um pouco depois do combinado.
Cruzamos
uma porteira e a estradinha que dá acesso à sede do ParNa
Sempre-Vivas, dando início a uma forte descida. São cerca de 1.5km
com muitos afloramentos, cascalho, degraus e rochas expostas, até as
proximidades do Curral de Pedras, onde a passamos a seguir uma antiga
estradinha bem poeirenta. A descida é puxada e vamos imprimindo uma
boa velocidade.
Às
16:04 chegamos ao Córrego do Diogo, o último ponto de água da rota
antes do arraial de Curimataí. Aproveitamos para reabastecer nossas
garrafinhas, pois quase todas já estavam secas. Depois de um breve
descanso voltamos à labuta, dessa vez em terreno mais suave. A
estradinha passa a alternar subidas e descidas curtas, até que
começam as casas do arraial.
O
feriado foi todo de festa em Curimataí, inclusive escutamos a zoada
dos shows enquanto descíamos a serra, mas como chegamos tarde
encontramos somente o pessoal arrumando as coisas. Chegamos à praça
da cachoeira e fomos direto para a cachoeira do arraial, que fica a
cerca de 700 metros da rua principal.
Cachoeira de Curimataí
A
viagem de volta para Santa Bárbara foi por uma estradinha de terra
no pé da serra, em condições medianas. Gastamos cerca de 1h para
percorrer os 25km que separam os dois povoados. Depois de ajeitar as
coisas no carro, retornamos pra BH praticamente sem parar, chegando a
capital no fim do domingo.
Neste
dia percorrermos 18,3km, totalizando 47.4km em 3 dias.
DICAS
E INFOS:
A
travessia é de dificuldade técnica moderada, exigindo atenção no
trecho de ataque à cachoeira de Santa Rita e na descida acentuada
para Curimataí. É uma rota que exige alguma experiência em
acampamentos naturais e condicionamento físico para o transporte de
cargueiras e para percorrer longas distâncias. O calor e a escassez
de água em alguns pontos fazem com que essa travessia não seja tão
simples.
Os
pontos de água estão espaçados ao longo da rota, recomendo uma
autonomia mínima de 1.5L por pessoas, principalmente nos meses mais
quentes do ano. Atente-se para os longos trechos com possíbilidade
de não ter água: i) do Córrego Três Paus até Santa Rita; ii) do
Córrego Boqueirão dos Campeiros até o Córrego do Diogo.
Para
quem busca uma rota mais suave, pode optar por realizar esta
travessia em 4 dias, reservando um dia inteiro para o ataque à
cachoeira de Santa Rita. A travessia também pode ser realizada no
sentido inverso, com alguns ajustes no roteiro.
Sinal
de celular da operadora VIVO em algumas partes da rota, como em
trechos da subida de Santa Bárbara e na descida para Curimataí.
A
travessia possui algumas rotas de escape, considerando o retorno para
Santa Bárbara no primeiro ou início do segundo dia. Da metade do
segundo dia em diante, deve-se observar a saída via povoado de Santa
Rita. Ressalta-se que o povoado não é alimentado por ônibus rural
regular, exceto os escolares, e que está bem distante das cidades da
região (> 30km).
Da
forma como se propõe a travessia, o ideal é acampar na barragem
caída e nas proximidades do Rio Preto. A escassez de água em boa
parte da serra faz com que poucas áreas sejam interessantes para
acampamento.
Ao
realizar essa travessia durante a estação chuvosa (out/mai) é
preciso ficar atento em relação ao nível dos rios, principalmente
o Córrego de Santa Rita e o Rio Preto. Na seca, atenção com os
focos de incêndio na região, observamos muitos durante a caminhada.
LOGÍSTICA:
Utilizando
como referência Belo Horizonte, a travessia tem início no povoado
de Santa Bárbara, distante cerca de 280km da capital, e término no
arraial de Curimataí, que fica a 300km de BH. O acesso principal é
via BR-135, para Santa Bárbara está totalmente asfaltado, já para
Curimataí é preciso enfrentar pelo menos 25km de estradas de terra.
Indo
de carro, o ideal é deixar o veículo em um dos povoados e combinar
um resgate. O contato do Mauro, que fez nosso resgate, foi repassado
pela Pousada Sombra do Espinhaço, que fica no povoado de Santa
Bárbara. A ida e a volta pela estrada de terra, que gira em torno de
50km, ficou em R$150.
De
ônibus, a viação Transnorte tem linhas regulares para Augusto de
Lima e Buenópolis, que são as cidades de referência. Para chegar
ao início da travessia, no entanto, é preciso contratar um serviço
de táxi nessas cidades. O arraial de Curimataí é alimentado por
uma linha de ônibus rural desde Buenópolis. Checar dias e horários.
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