03/10/2018

Travessia Extrema x Fechados

É sabido, pelo menos por alguma parte dos montanhistas mineiros, que a Serra do Espinhaço, principalmente sua porção mais ao sul, proporciona diversas alternativas para quem aprecia uma boa trilha. E uma das regiões mais ricas em caminhos e possibilidades é a mais conhecida como Serra do Cipó, situada ao sul de Diamantina e ao norte da Serra do Caraça, se me permitem uma caracterização grosseira.

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Ao lado do amigo Francisco Cardoso, mais conhecido pela alcunha de Chico Trekking, e de novas companhias, embarquei em mais uma pernada pelo Espinhaço mineiro, lugarzinho que contava as horas para rever, ainda mais depois de vários meses pelo Espinhaço baiano: a popular Chapada Diamantina. Foram dois dias e pouco mais de 40km entre dois vilarejos em lados opostos da serra: de Extrema a Fechados.

1º dia: Extrema x Córrego do Barbado

Na madrugada de sexta para sábado, um pouco antes da 01:00, embarcamos na van com destino a Extrema. Parada somente em Lagoa Santa para pegar mais um integrante do grupo, depois seguimos direto para o arraial que pertence a Congonhas do Norte. O que me surpreendeu no caminho foi a precariedade da rodovia na subida da serra após Conceição do Mato Dentro, ainda mais porque o Chico me disse que está assim desde sua última passagem por lá.

Viagem tranquila, chegamos ao arraial por volta das 05:00. Como era de se esperar, nenhum movimento no local. Enquanto alguns aproveitaram a parada no arraial para dormir mais um pouco, eu e mais alguns gatos pingados descemos para encarar o frio e conhecer um pouco mais de Extrema, que se resume a uma rua calçada e uma igrejinha. Bem típico do interior mineiro rs.

Um pouco antes das 06:00 retornamos à van e nos deslocamos para um ponto mais avançado da estradinha, onde a caminhada efetivamente começaria. Depois de uma rápida pausa para aquecimento e café da manhã, começamos a pernada às 06:37, já com o sol aparecendo timidamente para espantar o frio.

Deixamos a estradinha Transamante, antiga ligação entre Santana do Riacho e Congonhas do Norte, em favor de uma trilha bem consolidada que segue pela direita. Vamos seguindo por campos e em terreno estável, com amplo visual para a Serra do Abreu, que subiríamos em breve. Depois de alcançar o topo de um morrote, a trilha segue em declive até o encontro com o Córrego Congonhas, onde fizemos nossa primeira parada às 07:18. Essa primeira parada era para que alguns membros do grupo conhecessem a cachoeira Carapinas, formada pelo Córrego Congonhas um pouco mais abaixo da trilha. Trata-se de uma queda pequena, com poço espalhado, mas em grande parte raso.


Pela hora não rolou nada além de fotos da cachoeira. Retornamos à caminhada às 07:39, cruzando o córrego logo em sequência, sem precisar tirar as botas. A partir daí começa uma longa subida pela face leste da Serra do Abreu. O aclive é suave e vamos avançando sem muito esforço. Depois de avançar pelos campos, a trilha se aproxima de uma drenagem, por onde escorre um dos afluentes do Córrego Congonhas. Passamos a acompanhar o afluente de um ponto mais elevado do terreno. Cruzamos uma primeira drenagem e, depois de passar por uma tronqueira, cruzamos o próprio afluente, em um trecho de lajeados. A água escorria bem minguada, ainda assim paramos para reabastecer, pois a próxima fonte seria somente no vale do Rio Preto, do outro lado da serra.


Depois de alguns minutos, um breve lanche e uma pequena discussão sobre utilizar ou não algum método de purificação de água, retomamos a caminhada. Depois de cruzar o afluente a subida fica mais íngreme, avançando por campos até se embrenhar por uma matinha, que nos oferece uma boa sombra e temperatura mais amena.


Após a matinha retornamos ao campo aberto, finalizando a subida por um trecho com trilhas paralelas e algumas erosões. Às 09:04, depois de percorrer 6.2km, chegamos ao belíssimo Campo Quadrado, um platô encravado entre as Serras do Abreu e Talhada. Sempre tem um gado pastando por aquelas bandas, o que cria um sem-número de trilhas para todas as direções.

Fizemos uma breve parada para contemplação e continuamos a caminhada pelos campos de altitude do Campo Quadrado, cruzando logo de cara uma das nascentes do Rio Preto. Adiante a trilha se bifurca e o caminho da esquerda cruza novamente a nascente. Neste ponto nos mantemos à direita e rapidamente chegamos ao fim do platô, iniciando uma descida curta e acentuada até alcançar o vale do Rio Preto.

Depois de cruzar uma pequena porteira, vamos caminhando por campos até uma grande erosão que levou parte da trilha, neste ponto fazemos um mergulho no buraco para ressurgir do outro lado, na continuação da trilha. Mantemos à esquerda na trilha e mais a frente cruzamos o Rio Preto, ainda pequeno devido à proximidade com a nascente. A trilha segue por campos, em um ponto com várias bifurcações e trilhas paralelas. Cruzamos uma trilha mais demarcada que segue para parte baixa do terreno, em direção a um curral, e vamos nos aproximando de um capão de mata. Em seguida cruzamos o Córrego Soberbo, um afluente mais encorpado do Rio Preto. O nível de água é baixo e cruzamos facilmente por um tronco atravessado no leito do córrego. Do outro lado aproveitamos a sombra no local e fizemos uma parada de quase-almoço, às 09:58.

Depois de meia hora de descanso retomamos a caminhada e logo saímos em campo aberto. Agora acompanhávamos uma estradinha de pouco uso em ligeiro aclive. Tomamos uma trilha à esquerda para atalhar a curva da estradinha e em seguida passamos por uma pequena pedreira. A estradinha vai se aproximando de uma mata e logo deixamos os campos e passamos a andar sobre uma capoeira, estamos nos arredores da casa de Seu Batu e Dona Cacilda.

Um pouco antes da casa, um pé de laranja rente à cerca foi alvo de ataque do nosso grupo rs. A casa estava fechada e sem sinal de gente por perto, muito provavelmente tinham ido para a cidade. Continuamos em ligeiro aclive, margeando uma mata e um pouco acima da casa passamos por um bom ponto de água. Quase no topo do morro cruzamos uma porteira azul e começamos um ligeiro declive, ainda margeando a matinha. Em um ponto mais baixo, a trilha mais batida atravessa pelo capão de mata, ponto em que cruzamos o ainda pequenino Córrego dos Pilões.

Agora a mata galeria do Córrego dos Pilões nos acompanha pelo lado direito. Ignoramos várias saídas à esquerda, mantendo sempre a companhia da matinha. Como parte do grupo havia ficado para trás após cruzarmos o córrego, resolvo fazer uma breve parada numa pequena sombra do caminho, com vista para a pequena cachoeira dos Pilões. Alguns minutos depois o Chico aparece encabeçando o restante do grupo, sugerindo que finalizássemos a descida para realizar uma pequena pausa a beira do Córrego dos Pilões. De pronto seguimos e, algumas dezenas de metros depois, paramos em uma boa sombra com água fresca às 11:41.

Depois de quase 20 minutos voltamos à trilha, percorrendo um trecho de capoeira até a chegada na Fazenda Pinhões. Próximo à sede descemos à esquerda após a cancela e seguimos em direção ao Córrego Pilões. Na chegada ao córrego, tomamos à direita na bifurcação, passando a acompanhar o sentido do córrego até cruzá-lo mais adiante. A trilha da esquerda, também consolidada, leva para um patamar mais baixo da Serra do Cipó, caminho para quem pretende seguir para a casa do Sr. Álvaro e para o povoado dos Inhames.

Pela direita, após cruzar o córrego, a trilha se transforma em uma estradinha 4x4, que acompanhamos até a trilha se desmembrar e consolidar o rumo norte. Passamos por um trecho ligeiramente confuso de capoeira e tomamos à esquerda numa bifurcação perto de um trecho mais viçoso de mata. Saímos em campos rupestres e ignoramos algumas saídas à esquerda, seguindo em direção ao Rio Preto na parte mais baixa do terreno.

Às 13:03, depois de percorrer 16.7km, chegamos ao Rio Preto, agora bem mais impressionante do que aqueles riachos rasos que havíamos encontrado quilômetros antes. Depois de facilmente cruzar o rio pelas rochas emersas, fizemos a parada mais longa do dia para aproveitar o local. O difícil foi encontrar uma sombra, já que a posição do sol inutilizava as poucas árvores e arbustos que existiam na margem do rio.


Depois de um banho nas águas frias do Rio Preto, afinal era julho, ainda que o sol estivesse bem forte, tratei de caçar uma sombra enquanto parte do grupo descia para conhecer as cascatas, que ficava numa parte mais baixa do rio. Encontrei uma sombrinha bem modesta e por lá fiquei descansando/dormindo até que parte do grupo retornasse da parte baixa do rio.

Às 15:33, depois de um bom descanso, voltamos a caminhar. Eram mais poucos quilômetros até nosso ponto de acampamento. Depois de uma ligeira subida, vamos derivando para a esquerda e começamos a descer, ignorando um caminho à direita que seguia subindo, opção para quem segue para as bandas do Cemitério do Peixe. Mais a frente deixamos uma trilha consolidada que seguia em frente para descer um pequeno barranco à esquerda, interceptando uma trilha batida adiante. Nos aproximamos do Rio Preto novamente, que agora segue num calmo remanso em busca de uma passagem pela serra.

O Rio Preto encontra seu caminho e agora avançamos entre campos rupestres. Depois de uma ligeira subida, começamos a descer em direção a mais um capão de mata. Na beira do Córrego do Barbado, uma área interessante para acampamento e alguns bancos rústicos, aproveitando os troncos caídos no local. Como o Chico estava mais atrás com o restante do pessoal, esperamos por ali para saber se continuaríamos até o Córrego Samambaia, onde foi o acampamento da última vez, ou se atracaríamos por ali. Alguns minutos depois todo o grupo se uniu e para alegria geral ficou decidido que o expediente havia terminado rs.

Por volta das 16:30 começamos a montagem das barracas. Chico fez um convite geral para um ataque à Cachoeira Samambaia, mas a maior parte preferiu ficar por ali. Montei rapidamente a barraca e às 16:47 saímos Chico, Poliana e eu para conhecer a bucólica queda d’água.

Depois de atravessar o Córrego do Barbado, seguimos um pouco pela trilha do outro lado, mas logo começamos a derivar para a direita, em direção a uns afloramentos rochosos. Não há trilha definida para acessar a cachoeira, então o jeito é ir por onde der. Nos afloramentos fomos pulando de pedra em pedra, desviando das fendas e passagens complicadas. Saímos de um trecho mais encardido dos afloramentos e passamos a caminhar sobre lajeados, agora sem tantas dificuldades. Às 16:56, chegamos ao pocinho da cachoeira Samambaia, depois de percorrer cerca de 700 metros desde o acampamento.

Uma nuvem bem que quis atrapalhar, mas alguns minutos mais tarde o sol apareceu e iluminou com sua luz dourada a cachoeira. Depois do banho, um pouco de papo furado até o pôr do sol se aproximar, quando saímos do local para não precisarmos voltar no escuro. Às 17:51 estávamos de volta ao acampamento, agora pensando na janta.


Neste dia caminhamos 21.1km, incluindo os 1.4km de ataque à Cachoeira Samambaia.

2º dia: Córrego do Barbado x Fechados

Como diria o ditado, combinado não sai caro. A intenção era que levantássemos às 06:30 para sair às 07:30, assim teríamos tranquilidade para caminhar e apreciar as cachoeiras de Fechados. A parte de levantar às 06:30 até funcionou, mas cada um atrasou um pouquinho e só deixamos o acampamento às 08:30.

Atravessamos o Córrego do Barbado e seguimos em nível até o ponto onde é preciso atravessar o Córrego Samambaia. A travessia deste é um pouco mais chata, sendo preciso encontrar o local correto para atravessar sem molhar as botas. Depois de atravessar, ignoramos a trilha que seguia em frente, em direção a uma boa área de acampamento, para atalhar por um trecho de campos, com trilha discreta e mal definida. Adiante, já próximo a uma mata ciliar, interceptamos a trilha consolidada e passamos a seguir por ela, atravessando o córrego, afluente do Samambaia, em seguida.

Depois da travessia começa uma subida acentuada, mas relativamente curta. A trilha deixa o vale do Rio Preto e sobe para alcançar os campos de altitude da Serra do Cipó. No fim da primeira parte da subida a vista já impressiona e somos obrigados a passar alguns minutos por lá, mesmo com o atraso.


Aos poucos os campos rupestres, repletos de afloramentos rochosos, dão lugar aos campos de altitude. Seguimos por um platô, em ligeiro aclive. As bifurcações que aparecem costumam levar para o mesmo local, com a opção de seguir mais próximo à borda da Serra do Cipó ou mais no interior. Tomo o caminho da borda e vou apreciando cada passada. Às 10:11 chego ao ponto culminante da travessia, no alto do platô da Serra do Cipó, onde o GPS marcou 1.405m de elevação.

A caminhada passa a ser em ligeiro declive, com visual para formações bem distantes do Espinhaço, segundo Chico lá pras bandas de Diamantina, locais que ainda não conheço. Por campos de altitude vou derivando para a esquerda, mantendo o rumo noroeste, em direção a um cocho azul que surge em meio a um descampado. Depois de cruzar uma nascente mirrada, com pouca água, às 10:38 estacionamos no cocho azul, onde fizemos uma parada para lanche e aglutinação, depois de 6.4km.

Na retomada, fui guiando um grupo mais ligeiro pelo trecho de cerrado após o cocho. Depois de algumas centenas de metros nos aproximamos de uns afloramentos rochosos. A trilha consolidada seguia adiante, mas, segundo a indicação do tracklog do Chico, era preciso tomar um caminho à direita entre os afloramentos, dando início a um trecho confuso da travessia.


Encontro um trilho de vaca discreto e passo a seguir por ele, indo na direção desejada. Ao avançar pelo cerrado várias e várias bifurcações vão aparecendo, e sem muito critério vou seguindo por uma ou por outra. Mantivemos o rumo noroeste até interceptar uma cerca de arame farpado velha. Após cruzá-la, damos uma guinada para sudoeste, as trilhas desaparecem e avançamos por um trecho de campos até reencontrar o caminho consolidado mais abaixo.

Agora sem dificuldade de navegação, a trilha segue por campos de altitude e predomina uma ligeira descida. Aos poucos o vale do Córrego dos Fechados se aproxima e a descida vai se acentuando. Não percebo o atalho à esquerda e vamos descendo por uma cascalheira em direção à Pousada do Valtinho, local de interesse para quem pretende passar uns dias no alto da serra com algum conforto.

Ao final da descida chegamos a um trecho de capoeira, pegamos o caminho da esquerda e passamos a acompanhar o Córrego dos Fechados. Ignoramos uma saída à direita, que leva ao leito do córrego, passamos por uma drenagem e logo depois chegamos ao acesso da cachoeira do Cânion. Trata-se de uma trilha discreta que desce por uma encosta em direção ao poço. Depois de apreciar visualmente a bela cachoeira, decidimos continuar na trilha, já que o combinado era uma parada mais longa na cachoeira Horizontes.

Depois de uma breve descida com alguns degraus, a trilha ganha uma capoeira e passamos ao lado da casa de Chiquinho às 12:53. A partir daqui a trilha descreve uma curva para o sul e se afasta do córrego dos Fechados. A descida é constante, mas acentuada mesmo somente em alguns pontos. A trilha contorna uma serra e, próximo a uma casa, chegamos à bifurcação que leva a outras cachoeiras da região. Entramos à direita na bifurcação e, a partir daí, seguimos sempre pela esquerda, até reencontrar o Córrego dos Fechados na altura da Cachoeira Horizontes, onde chegamos às 13:25, depois de percorrer 15.4km.

Diferente do que tinha pensado, não havia ninguém por lá. Deixamos as mochilas na sombra e fomos aproveitar o poço, que possui parte mais fundas e outras mais rasas. Aos poucos o grupo foi chegando e se espalhando pelo local. Depois de uma boa refrescada na água, que estava com temperatura um pouco mais agradável que a do Rio Preto no dia anterior, fui fazer um lanche aproveitando as boas sombras do local.

Por volta das 15:00 o grupo começou a se retirar. Devido à proximidade com o fim da trilha e por ainda estarmos inteiros, Rodrigo e eu ficamos pra mais um mergulho antes de bater em retirada. Às 15:18 deixamos a cachoeira, retornando pelo mesmo caminho da ida. Ao chegar na bifurcação de acesso, continuamos descendo pela trilha principal. A trilha agora possui alguns degraus sobre as rochas, mas a descida é bem mais tranquila do que havia imaginado. Rapidamente chegamos à estradinha, que sinaliza o fim da descida.

Na estradinha reencontramos o grupo a tempo de tomar um atalho à direita, que nos leva diretamente para o centro do arraial de Fechados, onde chegamos às 16:11. A van já nos esperava ao lado da igrejinha. Enquanto o grupo não chegava por completo, aproveitei para colocar uma roupa mais confortável para seguir viagem. Almoçamos na Pousada Águas do Cipó, local no qual Chico havia combinado a refeição previamente, e de lá partimos sem paradas para Belo Horizonte, onde chegamos pouco depois das 21:00.


Neste dia caminhamos 19km. Ao todo foram 40.2km em dois dias de travessia.

DICAS E INFOS:

A travessia Extrema x Fechados é uma trilha consolidada em grande parte do trajeto, com somente um trecho confuso (o cerrado após o cocho) e pouquíssimos trechos de trilha mais discreta. Embora seja uma ótima rota pela porção sul do Espinhaço, é pouco realizada se comparada a outras travessias próximas. A dificuldade é moderada, mas pessoas com experiência no montanhismo e boa condição física dificilmente terão algum problema nesta rota. Os principais desafios ficam por conta do terreno irregular com muito cascalho em alguns trechos; travessias de corpos d’água, principalmente no período chuvoso; e do curto trecho sem trilha definida em meio ao cerrado, após o cocho azul.

Não avaliei a presença de sinal de telefonia móvel ao longo da rota, se houver, acredito que será nas bordas da serra, no início do primeiro dia e final do segundo. Sobre rotas de escape, a única possibilidade no trecho intermediário da travessia é a saída para o povoado dos Inhames, de qualquer forma é uma trilha demorada que levará de 5 a 6 horas a partir da Fazenda Pinhões (em bom ritmo).

Não há qualquer infraestrutura ao longo da travessia, a exceção da Pousada do Valtinho, já na proximidade das cachoeiras de Fechados. O camping é feito no estilo natural ou selvagem, já que não há qualquer infraestrutura no local. Há boa disponibilidade de água ao longo da rota, mas é preciso ficar atento com dois trechos mais longos e sem água: (I) do afluente do Ribeirão Congonhas até o ponto de água após casa do Seu Batu, 5.2km; (II) do córrego Samambaia até a chegada a cachoeira Horizontes, 14.3km.

Esta travessia não contempla nenhuma unidade de conservação, sendo realizada por áreas de particulares. Portanto, é fundamental o respeito com os moradores locais e suas propriedades, além de sempre fechar as porteiras/cancelas/tronqueiras que cruzar.

LOGÍSTICA:

Fizemos todo o deslocamento em van, já que estávamos em um grupo. Caso esteja em um grupo pequeno, ou mesmo sozinho, e não seja possível combinar a entrega e o resgate, a logística para esta travessia se dará, mais ou menos, da seguinte forma:

> Ônibus da viação Serro de BH para Conceição do Mato Dentro (CMD). Ônibus da viação Serro de CMD para Congonhas do Norte. Desembarcar no trevo de acesso à Extrema e realizar o restante do percurso a pé (cerca de 7km até o início da trilha). Caso esteja em grupo pequeno, avalie a contratação de um serviço de táxi até o início da trilha, desde CMD (aprox. 42km).

> Ônibus rural de Fechados a Santana de Pirapama*. Ônibus da viação Saritur de Pirapama a BH. Outra possibilidade é tomar o ônibus da viação Setelagoano de Pirapama a Sete Lagoas. Ônibus da viação Setelagoano de Sete Lagoas a BH. Se estiver em grupo pequeno, pode cotar com algum taxista de Sete Lagoas o resgate em Fechados. Em Sete Lagoas também existe a opção de táxi-lotação até BH. 

*Consultar os dias e os horários de circulação do ônibus rural, normalmente a disponibilidade é bem restrita.


Note que, ao realizar esta travessia utilizando somente ônibus, muito provavelmente não será possível cumprir o trajeto em dois dias, além de ser necessário pelo menos um dia separado para retornar a BH.

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