29/10/2014

Milho Verde (Serro-MG) I


BH x Milho Verde: 360km (via Curvelo)


Quando penso na melhor viagem que já fiz é impossível não mencionar Milho Verde. Mesmo estando logo ali, a 250km de Belo Horizonte pelo caminho mais curto, posso dizer que a experiência em Milho Verde contribuiu muito pra que eu me tornasse o que sou e despertou essa vontade, que estava adormecida, de conhecer cada canto deste país. Tudo isso muito em virtude das pessoas que lá estavam  e da vibe tranquila do  pequeno distrito de Serro, mesmo no feriado da Semana Santa.
1º dia: BH x Milho Verde

No princípio a ideia era acampar em Lapinha da Serra, vilarejo bem próximo da Serra do Cipó. Muitas indefinições até o último momento, quando decidimos por Milho Verde, já que um pessoal da UFMG já estava indo pra lá. Tínhamos 4 dias de feriado pela frente, já que a Semana Santa se juntou com Tiradentes.

Na manhã de sexta fiquei esperando o pessoal me ligar e nada. Liguei pra Amanda e eles já estavam com o carro na estrada! Como tudo já estava ajeitado, foi só verificar, rapidamente, se nada ficaria pra trás, o que não adiantou muito (esqueci talheres, prato e copo). Arrumei a mochila, a moto e zarpei em busca da galera. O trânsito na BR-040 sentido Brasília estava terrível, todo mundo andando a 20km/h. A vantagem da moto é essa, fui pelo corredor e rapidamente deixei o grosso dos carros pra trás e segui mais ou menos tranquilo até Curvelo, onde encontrei com a Amanda, o Pedro e o Lucas.

BRAAAAP!
 
Depois de Curvelo a estrada estava bem vazia, então seguimos juntos até Milho Verde. No caminho pegamos até chuva passageira. Já em Serro o Sol torrava, então paramos pra descansar um pouco e confirmar o caminho certo pra Milho Verde.

Chegamos no vilarejo localizado bem no meio da Serra do Espinhaço na parte da tarde. Deixamos nossas coisas no camping do Adhemar e já fomos pro Lajeado, relaxar depois de umas boas horas de viagem.

O Lajeado é o local de banho mais próximo do centro de Milho Verde. Todo o complexo está dentro do Parque Monumento Natural da Várzea do Lajeado e Serra do Raio (daí o nome do local), uma unidade de conservação estadual, localizada à direita da estrada que liga Milho Verde a São Gonçalo do Rio das Pedras.

Poço do Lajeado

A caminhada é curta até um dos poços principais, por terreno pouco inclinado. Chegamos até o leito do pequeno rio e fomos descendo pra jusante pelas margens. Logo chegamos a um dos poços principais, dizem que tem o formato do continente sul americano. O poço é raso em grande parte, mas de boa extensão, então dá pra arriscar alguns mergulhos e umas batidas de perna. No mais, serviu pro principal, que foi relaxar e refrescar.

2º dia: Cachoeira Carijó e Canelal

Para o segundo dia tínhamos uma proposta um pouco mais ousada, sair caminhando do Lajeado até a cachoeira Canelal, que fica próxima a estrada que leva ao vilarejo de Capivari. O detalhe é que ninguém conhecia a trilha e a sinalização era inexistente.

 Canelal

Como nosso grupo era grande e nem todo mundo estava afim de uma boa caminhada, alguns resolveram ir de carro. Outros acreditaram que era possível e foram bater perna. Tudo certo até momentos após encontrarmos uma placa que indicava o caminho pra Canelal. Depois disso chegamos a uma cerca e optamos, obviamente, pelo caminho errado (o da direita). Por uma trilha bem ruim, às vezes penso que não existia trilha, fomos descendo até chegar na beira de um córrego. Nem sinal de cachoeira. Andamos um pouco pelo leito do córrego até sairmos em uma área de capoeira. Lá ouvi barulho de carros passando na estrada e seguimos o som. Surpreendentemente chegamos na área da cachoeira Carijó, que também fica bem próxima do centro de Milho Verde. Andamos por volta de uns 4km nessa brincadeira.

Depois de um refresco em um dos pequenos poços da Carijó, resolvemos seguir pra Canelal, dessa vez pela estrada, pra não ter mais erro. Um dos locais deu a dica certeira: entra pra estrada de Capivari e, depois do segundo mata-burro, entrar numa trilha à esquerda. Sem maiores confusões, depois de uma boa pernada chegamos ao local indicado e descemos pela trilha até a cachoeira Canelal, uma sequência de pequenas quedas que formam pequenos poços bons para banho. Lugarzinho bem agradável.

Do cruzeiro

Antes do fim da tarde deixamos o local e seguimos a pé pro vilarejo, novamente pela estrada. Desta vez o carro da Giulia ia fazendo o serviço de táxi, levando um pessoal pro camping e buscando os que sobravam pelo caminho. Chegamos a tempo de subir até o cruzeiro e pegar um belo por do Sol, ameaçado por uma ligeira chuva, que caiu bem fina durante a noite.

3º dia: Tempo Perdido

A ideia era aproveitar o último dia cheio que teríamos pra conhecer uma das cachoeiras mais belas da região: Tempo Perdido. A queda fica próxima ao vilarejo de Capivari, bem no sopé do Pico do Itambé. Como era quase uma dúzia de cabeças pra ir, organizamos dois carros mais a moto, pra que os carros não fossem tão cheios a ponto de comprometer o trajeto pela estrada de terra.

Sempre-vivas e Itambé 

A entrada da vila Capivari é uma igrejinha isolada, à esquerda da estrada. Passando por ela, começa uma descida que termina numa pequena ponte. Após a ponte começa um subida leve e, logo depois, há uma bifurcação na estrada. Aqui é manter à esquerda na bifurcação e entrar também na primeira esquerda, numa rua apertadinha. Seguindo pela estrada principal, poucos km’s depois há uma placa indicando o caminho para o Pico do Itambé, siga em frente por mais alguns metros e haverá uma porteira à direita da estrada. Neste ponto há uma área para manobra e são duas opções: deixar o veículo aqui ou entrar com ele pela porteira e descer até o “estacionamento”, que é o pasto de um terreno mais abaixo. Do estacionamento é seguir por uma trilha bem aberta, com vista pro Pico do Itambé, até chegar a outra casa. Aqui é cobrada a entrada para Tempo Perdido (10$/pessoa) e também vendem lanches, refrigerantes e água.

 Tempo Perdido?

A trilha da segunda casa até a cachoeira é bem tranquila, somente um trecho final que é um pouco mais puxado pros que não tem tanto preparo. Apesar do trabalho pra chegar, tendo em vista que a estrada para Capivari não é boa, e as cobranças para entrar no local, Tempo Perdido é uma visita altamente recomendada. É uma queda de altura razoável e com um bom poço banho, cercado por uma praia de areia branca. Depois de curtir bem a parte de baixo, fizemos um ligeiro ataque à parte alta da queda. Um pequeno arrependimento foi ter feito este trajeto descalço, mas a vista lá de cima é uma bela recompensa. É uma trilha difícil, que exige passagens por fendas e pequenos saltos. Estando no topo da queda, basta seguir uma trilha suja até a casinha, parte tranquila.

4º dia: Milho Verde x BH

Passou rápido o feriado. Na segunda, feriado de Tiradentes, tiramos a manhã pra nos despedirmos do Lajeado com alguns mergulhos. Almoçamos bem em frente ao camping do Adhemar, num local administrado por ele também. Almoço bem bom e com preço justo, 12$ se não me engano, comida caseira à vontade.

Sulamerica

Por volta das 14h deixamos Milho Verde, mas antes passamos em um dos poucos borracheiros do local pra consertar o pneu da Kombi do Martin, que havia murchado nos dias que o RV ficou parado. Na volta pra BH um pouco de chuva na descida da serra, que rendeu um baita susto pra galera já que o carro da Amanda rodou na pista. Depois de Curvelo, já na BR-135, um engarrafamento daqueles, trânsito pesado nos 160km que restavam até BH.

Cheguei em casa por volta das 20h, se não me engano. Contente pela viagem que até hoje guardo como especial.

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