25/12/2016

Milho Verde (Serro-MG) II

Dois anos e meio depois da nossa primeira passagem por lá, Giu e eu estávamos de volta ao povoado de Milho Verde, um dos locais mais aconchegantes da Serra do Espinhaço. Desta vez nosso objetivo foi explorar além do básico, visitando cachoeiras ainda pouco conhecidas do público. Claro que separamos um tempinho para retornar a famosa Tempo Perdido (desta vez só nossa) e a tranquila Canelal.


1º dia. BH x Milho Verde: Canelal
Disponível no Wikiloc.


Um dos poucos atos de heroísmo do prefeito de BH foi juntar o feriado de Finados com o dia do Servidor Público, fazendo com que eu pudesse usufruir de 5 dias de folga. A Giu não teve essa sorte, mas já tinha a folga dela programada para a semana. Então, numa manhã de pouco Sol, partimos rumo a Milho Verde.


Desta vez escolhemos ir pela Serra do Cipó, caminho 100km mais curto que a alternativa por Curvelo, mas com 25km de terra entre Conceição do Mato Dentro e Serro. Pra gente terra nunca foi problema, mas pros que podem considerar isso um empecilho, fiquem sabendo que são 25km em boas condições pra qualquer veículo. Além da distância reduzida, são aproximadamente 240km de BH a Milho Verde, a paisagem no alto da Serra do Cipó é um colírio para os olhos de motoristas e passageiros. Atenção nas curvas!


Gastamos 4h para chegar a Milho Verde e fomos direto para o camping do Ademar, onde ficamos da última vez. É um camping bem simples, com pias, dois chuveiros elétricos, quatro banheiros e alguns pontos de energia; havia somente uma barraca por lá. A área do camping é toda gramada, mas é uma grama bem rala (ainda mais que estávamos no fim da seca), então demoramos um pouco até achar um ponto com mais conforto e sombra.



Depois de montar a barraca, fizemos um lanche rápido e já preparamos nossas mochilas de ataque para uma caminhada rápida até a cachoeira Canelal. Esta é uma trilha que eu e mais alguns amigos tentamos da última vez, mas sem sucesso. Faltando pouco para a cachoeira erramos em uma bifurcação, descemos por uma trilha que foi sumindo, pra depois andar dentro de um córrego e também por um pasto, até que chegamos na Carijó, uma cachoeira que a jusante da Canelal (mas bem mais pra baixo!)


Desta vez tínhamos o auxílio do GPS com uma database do Projeto Tracksource, que já tinha esta trilha mapeada. Saímos do camping 12h43, dobramos à direita na primeira rua e passamos pela quadra de futebol de Milho Verde. Cruzamos a Estrada Real e descemos por um beco, saindo em uma viela, um dos muitos acessos que o Monumento Natural Várzea do Lajeado e Serra do Raio possui. A unidade de conservação é estadual e integra a APA Águas Vertentes, possui entrada livre e nenhuma infraestrutura.


Dentro da unidade uma infinidade de trilhas se cruzam, até porque há cavalos soltos por lá. Seguimos pela principal, sentido sul, até que percebemos um trilho estreito que se desprende à esquerda, sentido sudeste. Seguimos pelo novo trilho, um pequeno atalho, e rapidamente chegamos ao córrego Lajeado, que estava bem seco. A água, embora em boa quantidade, estava parada no leito arenoso do córrego, sinal de que a chuva ainda não chegou de verdade na região. Tamanha secura nos fez desistir de passar pela cachoeira do Lajeado na volta, local que normalmente já tem pouca água.


Por um campo de altitude seguimos, predominantemente, no sentido leste; um pouco antes da trilha tomar o rumo sudeste, passamos por uma mancha de cerrado. Alguns trilhos se desprendiam do principal, tomando diversos rumos. Algumas placas sinalizavam o caminho para a cachoeira. Depois de um longo trecho praticamente plano, começamos a descer em direção ao fundo do vale do Córrego Fundo (IBGE). Margeamos uma cerca pela esquerda, logo após uma bifurcação, ponto que tomamos a decisão errada da última vez. Agora estávamos no caminho certo, com Canelal cada vez mais perto.


Rumando para o sul, paramos em um mirante para o vale do Córrego Fundo, eram 13h40. Um amontoado de rochas indicava um desnível do córrego, mas nada de água visível. Com um pouco de concentração conseguíamos ouvir a água correndo escondida. A descida é tranquila, quase não há trechos acentuados, no final dela há uma bifurcação. O caminho da direita leva ao último poço da Canelal, há alguns banquinhos por lá. O poço é bem raso, com fundo cascalhado, ideal para crianças. Pela esquerda a trilha sobe um pouco e logo chega ao acesso do primeiro poço, onde há uma escada de madeira para facilitar a descida. O primeiro poço é raso em grande parte, também com fundo cascalhado, embora melhor para nadar. Também tem o poço do meio, com acesso um pouco mais complicado que os outros, pequeno e com formato de “panela”, ideal para curtir uma hidromassagem.



Deixando de lado a escada e continuando pela trilha, logo chegamos ao topo da Canelal. Na parte superior a água corre tranquila por capões de mata até encontrar a cachoeira. A trilha cruza o córrego fundo, encontra outro trilho que vem da estrada de Capivari e torna a descer em direção aos poços, mas por este lado o acesso é um pouco mais difícil em virtude dos desníveis.


Estávamos em novembro e, como não havia chovido de verdade na região, a vazão da cachoeira era mínima, mas o suficiente para que a água não ficasse parada nos poços e para que a gente animasse de tomar um belo banho de rio!


Está é uma trilha fácil, seja qual for o nível de experiência do caminhante. Gastamos 1:20h para percorrer pouco mais de 4km de trilha. A orientação é um pouco complicada no começo, em virtude das diversas trilhas que se cruzam. Do meio para frente o trilho principal se consolida, mas há algumas bifurcações que podem enganar. Quando fizemos a trilha havia algumas placas sinalizando a direção da cachoeira. Eram poucas, mas de grande ajuda. Há pouca sombra pelo caminho, o que é natural pelo tipo de vegetação da região, ideal é um chapéu na cabeça e protetor solar no corpo. O Sol do sertão castiga!


Aproveitamos um bocado a cachoeira, neste tempo todo somente um ciclista deu as caras por lá. Retornamos pelo mesmo caminho e antes do fim da tarde já estávamos de volta ao povoado. Como o feriado caiu numa quarta, o clima em Milho Verde não estava muito propício para o turismo, já que grande parte do comércio já estava fechado ou nem abriu. Conseguimos abrigo no Bar da Conceição, próximo a Igreja do Rosário, onde pedimos uma porção (muito bem servida) pela bagatela de 30$. Depois de encher o pandu restou o sono numa noite ligeiramente fria no alto do Espinhaço.


2º dia. Capivari: Cachoeira Tempo Perdido, Três Marias e Coqueiros
Disponível no Wikiloc: Tempo Perdido, Três Marias e Coqueiros.


Nossa intenção no 2º dia era conhecer a cachoeira Maria Bruna a partir da Tempo Perdido, tinha um tracklog pouco confiável no GPS, mas como a trilha era, aparentemente, curta, daria pra tentar. Saímos cedo do camping e um pouco antes das 9h já estávamos em Capivari, um pequeno povoado de Serro, a 16km de Milho Verde. O acesso até esse povoado no sopé do Pico do Itambé é feito por uma estrada em boas condições (são 4,5km de asfalto + 11,5km de terra).


Em Capivari entramos à esquerda em uma rua apertada, logo após a antena da cidade. No final desse beco uma espécie de pedágio, era o receptivo do Renato. Aqui é feito o controle da entrada na cachoeira Tempo Perdido. Em feriados e dias mais cheios eles entregam um cartão após o pagamento de uma taxa de 10$ por pessoa. Como tinha só a gente por lá, pagamos a quantia a uma moça e seguimos em frente, mas sem antes trocar umas boas ideias sobre as cachoeiras da região.



Depois de Capivari a estrada piora um pouco, mas é possível chegar a entrada da cachoeira em carros de passeio sem problemas. Após a ponte sobre o Ribeirão Capivari começa um aclive acentuado que merece atenção. Vencida a subida basta manter à esquerda na primeira bifurcação e entrar à direita na segunda, onde há uma placa indicando o caminho para a cachoeira. Descemos com o carro até o terreno da Dona Anita, uma senhora de idade bem simpática e boa de conversa. Estão construindo um bar bem ao lado da casa dela, pode ser que em breve seja possível fazer alguma refeição por lá. Contribuímos com 10$ pelo uso da propriedade e descemos pela trilha, agora a pé.


A trilha é bem tranquila, com pouca sombra, sempre descendo e com uma visão privilegiada do Pico do Itambé. Há disponibilidade de água no caminho e próximo ao receptivo do Renato, a segunda casa da trilha. Gastamos 23 minutos da Dona Anita até lá. A ideia era fazer Maria Bruna na ida e Tempo Perdido na volta, então deixamos a trilha batida que leva ao poço para seguir por um trilho mais discreto à direita da casa, que leva ao topo da cachoeira. É uma trilha suja, mas que segue sem erro até o córrego, um dos afluentes do Córrego Amaral. Cruzando a água a tarefa complicou um pouco, um trilho de gado mais consolidado seguiu por alguns metros, mas logo sumiu. Tentamos diversos caminhos, mas logo eles fechavam e o que víamos pela frente não era nada animador. Abortamos essa primeira investida a cachoeira Maria Bruna e demos meia volta. Voltamos até a casa e, de lá, descemos até Tempo Perdido.


Como já era de se esperar, ninguém por lá. A água também era pouca como na Canelal, apenas uma torneirinha aberta. O Sol estava começando a iluminar o poço e a água estava bem refrescante. Um pouco mais tarde um grupo de quatro pessoas chegou com isopor e tudo, então decidimos voltar e explorar as outras cachoeiras da região.


A volta da Tempo Perdido é cansativa, embora sejam só 1.700 metros. Praticamente só subida. De volta ao carro não tivemos como recusar o café com queijo da Dona Anita e acabamos saindo de lá só depois das 13h. Na estrada ao invés de seguir para Capivari, continuamos tocando em frente. 2,4km depois da entrada para Tempo Perdido encontramos uma tronqueira à direita da estrada e uma pequena placa indicando: Cachoeira Três Marias.


Como a tronqueira estava aberta, descemos. São 4,1km da entrada até a cachoeira, quase sempre por um declive suave. A “estradinha” que leva até a cachoeira foi aberta recentemente, mas como disseram lá em Capivari, só passaram a máquina. Em alguns pontos a vegetação rasteira cobre o caminho, há também muitos trechos com cascalho solto. Para descer é fácil, mas pra voltar é só com 4x4. A estradinha segue até o topo da cachoeira, onde uma área foi aberta, provavelmente para servir de estacionamento.


São 5 minutos de caminhada até a parte baixa da cachoeira, que não tem poço. Aliás, esse poço dá uma bela discussão. As rochas ao redor mostram um nível da água absurdamente elevado pelo que vimos quando chegamos. A poça formada pela queda não cobre o joelho de um adulto. Já o nível de água marcado nas rochas do entorno era uns dois metros acima disso. Havia também galhos espalhados na areias, mostrando que recentemente havia um poço no local. Ficamos curiosos, pois a diferença é imensa.


O Sol caprichava, então tratamos de entrar na ducha do Córrego Amaral. Como não havia poço, ficamos pouco por lá. Antes de ir embora explorar um pouco o topo e a jusante da cachoeira. De volta a estrada, ainda tínhamos algumas horas de claridade pela frente, então resolvemos dar uma esticadinha até Coqueiros, cachoeira que já estava bem próximo da gente.



A estrada fica um pouco mais interessante pra esses lados, com alguns trechos com muita areia. A descida até a fazenda é puxada em alguns trechos para carro de passeio, principalmente pela volta. Na parte final uma estradinha bifurca pela direita, provavelmente um novo acesso (e mais fácil) para a cachoeira, visto que o trecho a ser percorrido a pé é menor e não é preciso passar pela casa no fim da estrada.


Estacionamos a viatura no final da estrada, antes da casa. Desci lá a pé e perguntei sobre a cachoeira, se poderia ir lá. A turma que me olhava atentamente autorizou a descida, então descemos. São cerca de 800 metros até a cachoeira, por uma trilha suja e confusa em alguns pontos, já que atravessa áreas de pastagem. Quando se sabe o caminho é tranquilo, a descida até a cachoeira não demora mais que 20 minutos.


Embora pequena, Coqueiros tem uma largura razoável, lembrando um pouco a Cachoeira Grande da Serra do Cipó. O nível de água no Córrego Amaral era bom, um grande poço se formava após a queda d’água, cercada por uma prainha de areia branca. Tudo parecia muito interessante, mas a água corria bem devagar, fazendo com que um lodo fosse depositado nas rochas do leito do rio. Aquilo não tornava o banho muito agradável, mas entramos mesmo assim. Não ficamos muito tempo por lá, até porque o tempo fechou e começou a chover.


Na volta não tivemos muito problema com a trilha e rapidamente chegamos ao carro. De Coqueiros até Milho Verde são 26km. Antes do fim da tarde chegamos ao camping, a tempo de preparar nossa janta e de ver uma cigarra saindo do casulo.


3º dia. Capivari: Cachoeira Maria Bruna e Amaral
Disponível no Wikiloc: Cachoeira Maria Bruna e do Amaral.


Maria Bruna era uma cachoeira que não podíamos deixar passar batido nesta viagem, então acordamos cedo, mais uma vez, e fomos pra segunda investida. De novo seguimos para Capivari, mas agora, após deixar o vilarejo pra trás, fomos em direção ao Parque Estadual Pico do Itambé.


A estrada está um pouco judiada em diversos pontos, mas ainda é possível percorrê-la num veículo de passeio. Atenção nas passagens por areia e nas subidas com muito cascalho. 7km após Capivari (a 23km de Milho Verde) chegamos a região do Poço Preto. Cruzamos uma pequena ponte de madeira com aspecto de nova e, logo a frente, estacionamos o carro próximo a um local de extração de terra. Aqui começa a curta trilha que leva a cachoeira Maria Bruna.



A trilha até a cachoeira é tranquila, com pouco mais de 1.300 metros. A primeira parte, até a tronqueira, está bem batida. Após a tronqueira passamos a caminhar por trilhas sujas, onde aparecem também diversos trilhos de gado que podem confundir. Após a leve subida inicial, começamos a descer em direção ao poço. No início da descida um trecho misto de cerrado e capoeira com vegetação alta, o importante aqui é manter o rumo, predominantemente norte. Esse é o trecho de navegação mais complicada, embora seja um trecho curto. Vencida esta etapa, um trilho sujo se consolida descendo pelo terreno. Passamos por áreas de pastagem até entrar em um capão de mata, onde cruzamos um córrego com água parada. Do outro lado a trilha segue consolidada, mas se confunde em alguns pontos com o afloramento rochoso. Basta seguir descendo, está chegando!


Nas imediações do poço há resquícios de uma tronqueira, chegamos e já nos deparamos com uma bela visão da cachoeira, com certeza uma das mais bonitas da região. O Córrego Amaral, ainda no seu começo, forma um pequeno poço. A água contorna um banco de areia e segue seu rumo serra abaixo. Como o Sol estava caprichando, tratamos logo de cair na água. Mais uma vez tínhamos uma cachoeira particular, só nossa. O poço tivemos que dividir com os peixes, que estavam famintos, era só ficar quieto que lá vinha uma mordida. Depois da Canelal, Maria Bruna foi a cachoeira que mais aproveitamos.


Por volta de meio dia deixamos a cachoeira, no caminho escolhemos um trilho errado e tivemos que descer um afloramento rochoso bem íngreme. Enquanto arrumávamos nossas coisas no carro, vimos um escolar deixando duas crianças e um jovem nas proximidades do Poço Preto. Como estávamos com as garrafas vazias, decidimos dar uma carona para os meninos em troca de água. Rapaz! Os meninos nem conversavam direito, estavam com vergonha ou medo, por mais que a Giulia tentasse estimular uma conversa enquanto eu dirigia serra acima. rs. Subimos a estrada que leva ao Parque Estadual até o fim, os dois meninos desembarcaram lá e ainda tiveram que bater mais um pouco de perna até chegar em casa. Eles andam aproximadamente 8km por dia para ir e voltar da escola. Refletimos um pouco sobre a situação, deixamos a água pra lá…



Essa carona terminou nos pés do Pico do Itambé, na entrada do parque e início (ou fim) da travessia Capivari x Rio Preto. O dia estava perfeito para uma visita ao pico, praticamente sem nuvens. Deixamos o “teto do sertão” para trás e fomos em busca da Cachoeira do Amaral, a nossa última cachoeira em Capivari. Seguimos em direção ao povoado e depois para Tempo Perdido. Passamos a entrada desta cachoeira, seguindo as placas para o Amaral. A entrada fica cerca de 1.500 metros depois da porteira para Tempo Perdido.


Depois de entrar à direita começa uma descida de 3km até o final da estrada. O trecho final é um declive bem acentuado, que complica o acesso por carros de passeio pelo grande aclive da volta. Ao final da descida cruzamos o leito de um córrego seco e paramos adiante, em frente a uma porteira e ao lado de uma construção (nem sei se era casa). Uma senhora nos observava de dentro de outra casa, uma grande, perguntei sobre a cachoeira e ela logo indicou o caminho.


São cerca de 500 metros do ponto final até a cachoeira, o acesso é relativamente fácil, embora a trilha não seja consolidada na metade inicial. Entramos pela porteira da propriedade e logo saímos por outra, à esquerda. Descemos praticamente em linha reta em direção a uma cerca na parte baixa do terreno, tendo a nossa direita uma plantação de braquiárias. Após a cerca continuamos descendo por um terreno recém roçado, qualquer vestígio de trilha que tinha no local desapareceu. No fundo do terreno outra cerca, com passagem facilitada para os caminhantes. Passamos a caminhar por um trecho de mata fechada, mas com trilha bem batida, e rapidamente chegamos a Cachoeira do Amaral.


O poço é pequeno e bem raso, com o fundo coberto por rochas e lodo. Nadar no local é tarefa difícil para adultos, então tratamos de tomar uma ducha na queda d’água, que possui fácil acesso. Depois de um bom refresco fomos descansar na sombra e acabamos cochilando por lá. Por volta de 17h30 deixamos a cachoeira e coisa de 10 minutos depois já estávamos no carro.


Ao invés de voltar direto para Capivari, seguimos adiante pela estradinha (sentido Coqueiros), pegando à esquerda na única bifurcação. Descemos pela antiga estrada de Capivari (disponível no Wikiloc), agora praticamente abandonada. De acordo com uma moradora só “giricos” passam por lá, pra tirar cascalho do ribeirão. Muitas erosões acompanham a antiga estradinha, mas há trilhos paralelos que evitam qualquer desafio. Praticamente sem dificuldade chegamos ao ribeirão. Agora era atravessá-lo (tarefa fácil, já que o nível estava bem baixo) e encontrar a continuação da estrada (tarefa difícil, cadê o resto?).



A viatura venceu o cascalho solto do leito do rio e o pequeno degrau formado pela areia das margens com facilidade, agora avançávamos por uma campina em busca do que restou da estrada. Um pouco mais pra frente o trilho reapareceu, bem erodido, era impossível trafegar por ele. Quando a situação melhorou um pouco entramos nele e seguimos até reencontrar uma estradinha melhor. O jipito deu uma capinada boa na estrada, paramos para tirar algumas folhas e galhos que se prenderam na parte inferior do carro. De volta ao estradão tratamos de seguir direto para o Bar da Conceição, onde pedimos uma porção no capricho para encerrar nossa última noite em Milho Verde.


4º dia: Santa Cruz e Canelal (de novo!)
Disponível no Wikiloc: Cachoeira Canelal (de carro).


Último dia de viagem, mais uma exploração, desta vez pros lados do povoado de Santa Cruz. Passamos pela Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, a mais antiga de Milho Verde, seguindo sentido Barra da Cega e Cachoeira do Piolho. Foram 40 minutos para superar os 8,7km de estrada de terra, com direito a muito talco, buracos e cascalhos enormes. No vilarejo cruzamos o Ribeirão São Bartolomeu, um dos afluentes do Rio Jequitinhonha. Nossa intenção era alcançar uma cachoeira no Córrego do Retiro, nomeada como Alto Bananal. O tracklog não era muito confiável e logo veio à tona o motivo da minha desconfiança.



Cruzamos o Ribeirão São Bartolomeu duas vezes e seguimos por uma estradinha de pouco uso até um campo de futebol. Deixamos o carro no banco de reservas e seguimos por uma trilha batida que rumava em direção ao fundo do vale. Logo entramos em um capão de mata e a trilha suja desapareceu, sem vestígios. Rapidamente voltamos ao carro, já que não tínhamos muito tempo a perder. Talvez o acesso ao Alto Bananal seja mais fácil pela BR-259, próximo a uma localidade denominada Trinta-Réis.


De volta a Milho Verde tocamos direto para a Canelal, que também tem acesso tranquilo com carro. Entramos na estrada para Capivari e menos de 1km depois estacionamos próximo a uma placa que avisa sobre o Monumento Natural e suas proibições. A trilha a pé por aqui tem cerca de 800 metros, quase sempre descendo. Muitas canelas-de-ema pelo caminho, talvez esse seja um dos motivos para Canelal. Em 13 minutos de caminhada chegamos a cachoeira, que mais uma vez era só nossa.
Depois do nosso último banho de rio, voltamos ao camping para desmontar a barraca e fazer o caminho da roça. Como era sábado, o povoado já estava um pouco mais movimentado (mais ou menos dois forasteiros chegaram, rs). Apesar do horário avançado, eram mais de 14h, conseguimos pegar o fim do almoço na Pousada e Restaurante Morais, na rua principal (a que tem calçamento). Deixamos Milho Verde por volta das 15h, sob um Sol bravo e um calor forte. Abastecemos a viatura em Serro e retornamos pela Serra do Cipó, por uma estrada bem tranquila. Mais uma vez gastamos 4h para fazer os 240km que separam BH dessa pérola do Espinhaço.



DICAS E INFOS:
Milho Verde é daqueles lugares para visitar e revisitar sempre que possível. As cachoeiras não são das mais impactantes, mas atmosfera do local transmite uma tranquilidade que não se encontra facilmente por aí;
Como o povoado está numa parte alta da Serra do Espinhaço, as cachoeiras do entorno são pequenas e não costumam ter uma grande vazão de água, por isso não deixa de ser uma boa ideia marcar uma visita no verão;
No inverno se prepare para noites frias!
Alguns estabelecimentos aceitam cartão, mas nem todos!
Muitas opções de camping e pousadas por lá, pode ir ser reservar estadia! (Talvez reservar no Carnaval seja uma boa ideia!);
Posto de combustível mais próximo fica em Serro;
Em Capivari, utilize o turismo de base solidária.


GASTOS:
Gasolina: 120$/cada
Camping do Ademar: 20$/pernoite/pessoa
Filé com fritas no Bar da Conceição: 30$
Ingresso Tempo Perdido: 10$/pessoa


COMO CHEGAR:
O povoado de Milho Verde está localizado entre Diamantina e Serro, na região central da Serra do Espinhaço. O caminho mais curto é pela Serra do Cipó, são 240km de BH até lá. Saia de BH pela MG-010 e continue por ela até Serro, entre Conceição do Mato Dentro e Serro há um trecho de terra em ótimas condições com 25km de extensão. Chegando ao Serro, pegue o contorno da cidade sentido Diamantina, ao chegar na BR-259 entre à direita e, no próximo trevo, à esquerda. Estes trevos são sinalizados.

É possível chegar de ônibus também, tendo como origem a cidade de Serro ou Diamantina. Consultar nas rodoviárias locais qual empresa faz o trajeto e o horário dos ônibus.

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