10/11/2015

7 de Setembro: Tabuleiro (Conceição do Mato Dentro-MG)

Depois de 23 dias viajando, uns dias que você passa em casa já é muito. Como tinha sobrado uma grana da viagem e um feriado estava por vir, nada melhor que planejar uma pequena trip por um dos lugares mais bonitos da parte sul da Serra do Espinhaço, lugar de cachoeiras imponentes. Há tempos queria passar uns dias em Tabuleiro, distrito de Conceição do Mato Dentro, para conhecer as outras cachoeiras além da famosa queda do Ribeirão do Campo.

1º dia: BH x Tabuleiro e Cachoeira Congonhas
Disponível no Wikiloc.

Saímos, Giu e eu, na manhã do dia 5 de setembro, não tão cedo quanto queríamos. A estrada até o Cipó estava bastante movimentada, principalmente o trecho urbano de Lagoa Santa. Depois do Cipó o movimento diminuiu muito, então seguimos tranquilo até Conceição do Mato Dentro. A estrada de terra que liga a sede ao distrito de Tabuleiro estava em  boas condições, recém patrolada.


Depois de 16km por terra chegamos ao Poço do Pari, nossa hospedagem. Além do poço para banho, o local possui uma boa área de camping, com chuveiros quentes e um bar/restaurante. A única dificuldade para chegar lá é a subida que dá acesso ao camping. Carros de passeio só sobem no embalo, principalmente os 1.0.

Diferente dos outros camping que frequentei, no Poço do Pari as barracas são montadas em pequenas curvas de nível feitas no barranco. Como ficamos em um pequeno platô, tivemos certa privacidade, mesmo o camping movimentado. Mesmo com o bar dentro da propriedade, a noite no camping é tranquila e não tem muita bagunça.

Depois de montar a barraca e de um lanche reforçado, tratamos de ir conhecer a Cachoeira Congonhas, a mais próxima do camping, ideal para o fim de tarde. Como levamos as bikes, esse foi nosso meio de transporte.

Saindo do camping, continuamos pela estradinha que dá acesso ao Pari. O relevo neste trecho inicial é tranquilo. Após uma porteira, cruzamos um pequeno fio d’água e começamos a subir um belo morro. No final dele há uma tronqueira, por onde entramos, à nossa esquerda temos o pequeno cemitério de Tabuleiro. A estradinha dá vez a uma trilha bem batida, por onde seguimos de bike, descendo.

No final da descida, chegamos ao Rio Preto. Resolvemos deixar as bikes presas a uma cerca, já que do outro lado do rio o pedal seria mais difícil. Do camping ao rio pedalamos 1,7km.

Do outro lado do Rio Preto a trilha descreve uma ligeira subida se afastando da margem, até sair da área de mata ciliar e começar uma capoeira. Seguimos sempre por trilha bem batida, paralelos ao rio. A única bifurcação do trajeto é no encontro do Rio Preto com um pequeno tributário. Aqui há uma trilha que sai à esquerda, subindo a capoeira, esta é a trilha que leva ao eixo principal da travessia Lapinha x Tabuleiro. Seguindo nosso caminho, logo descemos ao nível do rio, andando pela margem direita dele. Depois de um curto trecho bem próximo ao leito, chegamos ao encontro do Rio Preto com o tributário que forma a Cachoeira Congonhas. Um funcionário do Parque Estadual Serra do Intendente estava ali entregando um pequeno questionário para os visitantes. Como já era tarde, deixamos pra responder no dia seguinte, quando visitaríamos a Rabo de Cavalo.


No encontro de rios entramos à esquerda e começamos a subir, ora por trilha, ora pelo leito do pequeno córrego. Depois de 1,9km de caminhada chegamos na cachoeira é só havia um pequeno grupo por lá, já se preparando para sair. Pouquíssima água na Congonhas, o poço estava praticamente parado, dando dengue. Molhei só pra não falar que não entrei na água. Pouco tempo depois, o céu que já estava um pouco carregado, fechou ainda mais e começou a dar sinais de que iria chover em breve. Como a Congonhas não estava nada atraente, resolvemos voltar sem nem entrar de verdade na água.

Durante a volta a chuva se tornou realidade, mas durou pouco. Rapidamente o Sol voltou, trazendo consigo um belo arco-íris sobre a capoeira dourada. Depois de cruzar o Rio Preto e pegar as bikes, começamos a subir em direção ao camping, tentando tirar os carrapatos enquanto pedalávamos. Ao chegar no Pari comemos um kibe frio na companhia de uma cerveja gelada. Esse foi só um aquecimento pro pedal do dia seguinte.

2º dia: Cachoeira Rabo de Cavalo (via Estrada do Charco)
Disponível no Wikiloc.

Saindo de Tabuleiro, são dois caminhos que levam a Cachoeira Rabo de Cavalo. O primeiro é pela estrada de terra, que possui alguns atalhos e está em condições medianas, no geral. O segundo é pela Estrada do Charco, um caminho mais curto com muitos aclives e declives acentuados, uma estradinha que dá acesso a diversos sítios e possui um visual privilegiado do vale do Rio Preto e da Serra do Intendente.


Escolhemos a Estrada do Charco, uma alternativa que só pode ser completada a pé, bike ou moto. Em alguns trechos carros não passam, até mesmo os 4x4. Saímos cedo do camping e fomos, novamente, em direção a Cachoeira Congonhas. Próximo ao cemitério, ao invés de descer pela trilha, continuamos a subir pela estradinha, por dentro de um pasto. Esse início de trajeto é uma subida bem puxada, são 1.200 metros de aclive contínuo. Saímos do camping com cerca de 662m de elevação e, em menos de 2km, estávamos a 825m de elevação.

Depois do aclive inicial o trajeto alterna subidas e descidas moderadas, tendo somente uma outro aclive bem acentuado. São diversas porteiras pelo caminho e o trajeto é sombreado em grande parte. Não há disponibilidade de água no trajeto, com exceção do Córrego Teodoro, que forma a cachoeira, mas é possível conseguir água em um pequeno povoado mais ou menos no meio do caminho. Na nossa passagem por lá, conhecemos a Dona Raimunda, que nos convidou para tomar um cafezinho.

Depois do povoado o relevo fica mais suave e logo começa uma longa descida até o córrego a jusante da cachoeira. Depois de 10,1km pedalando, desde o Poço do Pari, chegamos ao trailer do IEF, onde é feito o controle de entrada. Não sei se o controle é usual ou estava acontecendo porque era feriado. Deixamos as bikes atrás do trailer e começamos a trilha a pé que leva a cachoeira.

O trajeto até a Rabo de Cavalo pela Estrada do Charco possui dificuldade moderada. O grande desafio é o esforço físico para vencer os aclives acentuados. Do ponto de vista técnico, o trajeto possui poucos trechos mais exigentes, como descidas com valas causadas pela água da chuva e pedras soltas.


Do posto do IEF até a Rabo de Cavalo são cerca de 1,7km de trilha, bem batida e sinalizada. Boa parte do caminho é acompanhando o leito do Córrego Teodoro, o trecho final possui um pequeno aclive seguido de um declive que dá acesso ao poço. A trilha é de baixa dificuldade, embora o trecho final seja um desafio para pessoas sedentárias ou com mobilidade reduzida.

A cachoeira estava com pouca água, mas ainda assim era bem mais que a Congonhas. O poço da Rabo de Cavalo é grande e muito bom para o banho. Até por volta das 14h o Sol ilumina bem o local. Depois desse horário a sombra começa a tomar conta da cachoeira e foi também mais ou menos a hora que vários grupos começaram a chegar. Já que tínhamos aproveitado bem o local, resolvemos pegar o caminho de volta.

Embora tenha mais descidas que subidas, a volta foi mais sofrida, pelo cansaço mesmo. O que nos motivou para chegar no camping foi o tropeiro que encomendamos no bar. E que tropeiro, diga-se de passagem, preparado no capricho! Fechando o dia em grande estilo.

3º dia: Cânion Peixe Tolo
Disponível no Wikiloc.

Segunda, dia 7, último dia em Tabuleiro. Como ainda voltaríamos pra BH, resolvemos seguir pro Cânion do Peixe Tolo de carro mesmo, já com tudo preparado para a volta. Se fôssemos de bike, pela Estrada do Charco, percorreríamos cerca de 30km, mais o trecho a pé de ataque à cachoeira e ainda voltar pra BH no mesmo dia. Um pouco puxado, pra não dizer muito.

Demoramos a sair do camping e acabamos por começar a trilha mais tarde que o esperado. Do estacionamento a cachoeira do Peixe Tolo são cerca de 4,5km, trajeto de nível moderado, já que o trecho final é feito pelo leito do rio, sendo que é preciso nadar uma pequena parte.

Meu pé ainda doía um pouco de outros carnavais, então fomos andando mais tranquilamente que o normal. Seguimos a pé pela estradinha e logo tínhamos a vista de todo o cânion, visual belíssimo. A Giu queria entrar na água e eu estava um pouco desanimado com a pernada cânion adentro por causa do pé. Já estávamos voltando quando mudamos de ideia e decidimos ir mesmo. E valeu a pena.

A estradinha por onde caminhávamos chega ao rio e vira uma trilha. Pela trilha, bem demarcada e sem bifurcações, seguimos pra dentro do cânion. Há um trecho “novo” da trilha, que começa no ponto em que a trilha mais antiga desemboca no leito do Ribeirão Peixe Tolo. Ganhamos algumas centenas de metros pela margem até entrar, definitivamente, no leito do rio. Com blocos dos mais diversos tamanhos e pouca água corrente, subimos cerca de 400m pelo leito, até chegar a um encontro de águas. À direita conseguíamos visualizar o paredão e um pouco de água caindo, era a Cachoeira do Peixe Tolo.


Como o Sol não iluminava muito na direção do poço, resolvemos dar um primeiro mergulho no encontro de águas. Depois do refresco seguimos por uma trilha da margem até o poço, que é bem grande. O Sol deve bater por lá somente na parte da manhã, talvez no verão ilumine por um tempo maior. Do poço, para qualquer lado que se olhava, era só paredão, daqueles multicoloridos como na cachoeira de Tabuleiro.

Depois de explorar um pouco do cânion, fizemos a trilha de volta ao estacionamento. No bar que tem em frente ao local em que deixamos o carro, perguntamos por almoço, mas não havia nada pronto. É preciso agendar antes de iniciar a trilha. Resolvemos tomar um açaí em Conceição mesmo.

Como era fim de feriado, pegamos um movimento considerável após o vilarejo de Serra do Cipó. Gastamos cerca de 5h até chegarmos em casa. Para escapar do trânsito, tentamos um desvio em direção a Jaboticatubas e acabamos fazendo um belo offroad noturno, com direito a travessias de rio e pirambeiras memoráveis. Era o que faltava para trocar o Golzim Valente por um 4x4.

DICAS E INFOS:
Tabuleiro é uma pequena localidade na borda leste do Espinhaço, ponto estratégico para acessar diversas cachoeiras. Com exceção da Cachoeira do Tabuleiro, que fica dentro de um parque municipal, e do Poço do Pari, que é propriedade privada, as outras cachoeiras da região possuem acesso gratuito, já que não há cobrança de ingresso para a entrada no Parque Estadual da Serra do Intendente.

O distrito de Tabuleiro possui alguns campings e um hostel, além de algumas pousadas. A diária no camping sai a 20$/noite/pessoa. Também possui alguns restaurantes e bares, mas fique atento: a maior parte não aceita cartões. Tampouco há caixas eletrônicos no distrito.

O fato de não cobrarem ingresso se deve, principalmente, pelo fato do Parque não possui qualquer infraestrutura para receber o visitante. Embora as trilhas sejam sinalizadas e de fácil acesso, não há banheiros, vestiários e serviços próximo aos atrativos. O ideal é levar água e lanche para o passeio.

Além das três cachoeiras que visitamos, nos arredores de Tabuleiro temos a Cachoeira do Roncador, próxima a localidade de Ouro Fino; Cachoeira do Altar, que fica acima da Rabo de Cavalo; e a mais famosa delas, a que leva o nome do povoado.

COMO CHEGAR:
De carro, partindo de Belo Horizonte, siga pela MG-010 até Conceição do Mato Dentro, a 165km da capital. Siga pela principal, após o aeroporto municipal fique atento para o trevo de acesso à Tabuleiro. Menos de 2km após entrar no primeiro trevo, entre à esquerda no segundo, de terra, este é o acesso para Tabuleiro. São cerca de 16km de estrada de terra em boas condições até o distrito, atenção com as curvas fechadas, aclives e declives acentuados.

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