22/06/2015

PN Serra do Cipó: Complexo Cachoeira Congonhas

Restaurante Chapéu do Sol x Cachoeira Congonhas: 8km (ida)
Disponível no Wikiloc.


Uma semana após uma travessia de 26km passando pelo Travessão e pela cachoeira do Tombador , estávamos dispostos para mais uma jornada. Não sem antes passar parte do feriado só de chinelo de dedo e deitado, de preferência. Antes de embarcar para Congonhas, também pensamos em dar uma ida de moto até Moeda, para comprar uns doces por lá, um programa bem susse. Aliás, isto estava praticamente decidido, mas no fim da noite anterior à caminhada dei um basta na preguiça e animei a Giulia pra mais uma pernada pela Serra do Cipó.


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Esta caminhada nem se compara com o da semana anterior, é bem mais tranquila, qualquer pessoa com o mínimo de condicionamento físico pode fazer. São aproximadamente 7,1km do Restaurante e Pouso Chapéu do Sol até a cachoeira Congonhas do meio. De lá é uma pernada de até 10 minutos pra chegar na Congonhas de cima ou na Congonhas de baixo, totalizando 8km no total.


1ª parte: Condomínio Bosque do Sol
No Chapéu do Sol deixamos a moto debaixo de uma grande árvore (não reparei bem qual era, mas parecia uma mangueira). Havia vários carros por lá e algumas motos também. Fiquei um pouco preocupado em deixar a moto lá o dia inteiro, mas era a opção. Não falei com ninguém do restaurante, apenas prendi os capacetes e a jaqueta na moto, e saí andando.


Saindo do restaurante, voltamos pela estrada sentido Belo Horizonte. Depois de uns 100m chegamos numa entrada à esquerda, trata-se do condomínio Bosque do Sol, que também protege as nascentes do Véu da Noiva. Quando entramos, por volta de 9h30, a porteira estava aberta. Vimos a placa ao lado com alguns avisos e seguimos pela estrada interna. Logo aparecem algumas casas, que se concentram à esquerda, no sopé do morro.


Andamos rápido nesse trecho e logo estávamos no fim da estrada. Não acho que exista nenhuma restrição para entrar na área do condomínio, desde que observado os avisos. Cruzamos com um grupo de pessoas no meio do caminho, mas não tenho certeza se eram moradores. Há uma espécie de sítio no local que deve ser alugado para os finais de semana. Além disso, grande parte das casas pareciam estar vazias a última, inclusive, estava abandonada. Chegando nesta última casa, a estrada se fecha, mas ainda não vira trilha, pelo jeito há algum movimento de carro por ali.


Quando a cerca da última casa faz uma curva em direção ao sopé do morro, a trilha se divide. Embora seja mais batida à direita, talvez pelo movimento de veículos, deve-se subir à esquerda, como se fosse margeando a cerca. É o momento em que a trilha realmente começa. Passamos por alguns trechos com vegetação maior e mais densa, principalmente quando nos aproximávamos das nascentes. Logo a subida começou a ficar mais pesada, agora fazíamos tipo um zigue-zague subindo por degraus de pedra, ganhando altitude.


Rapidamente vencemos esta primeira subida, chegando a uma espécie de platô. Um pouco de descanso para os músculos, já que agora seguíamos por um terreno praticamente plano. Cruzamos com uma turma de gado, que estava curtindo a preguiça de uma manhã nublada perto de um córrego. Do alto víamos uma espécie de neblina sobre a vila que estava lá embaixo, que logo se mostrou ser uma chuva bem fina e começou a nos refrescar. Após uma leve subida avistamos uma cerca e as costas de uma placa avisando que, a partir daquele ponto, estávamos na área do Parque Nacional da Serra do Cipó.


2ª parte: PN Serra do Cipó
A cerca do Parque marcou a metade da trilha, e ainda tinha mais subida pela frente. Terminando o que podemos considerar como subida inicial, temos um pequeno descanso numa breve descida até o primeiro ponto de água que marcamos no tracklog (na volta pegamos água neste ponto, e tava muito boa! Era incolor - não tinha aquele tom amarelado característico - e insípida).


Logo que cruzamos o córrego, mais subida, mas essa era a penúltima. Estávamos no ponto mais alto da trilha (o GPS marcava 1224m). Um pouco antes do pico há uma bifurcação, a trilha da direita faz uma espécie de barriguinha no traçado original, chegando em um mirante. Aqui podemos observar o vale do rio Bocaina, a Serra da Farofa e a trilha que sobe para a cachoeira da Farofa de cima, a Serra das Bandeirinhas e, mais ao fundo, a Serra da Lagoa Dourada. Ficamos um tempo por lá e aproveitamos a pausada para uns biscoitinhos doces, único alimento que levamos pra trilha.


Mirante 

Após vencer o ponto mais alto da trilha e, finalmente, começar a descer, tivemos uma bela visão do vale do Bocaina e de uma parte do Travessão. Com o céu mais limpo, conseguíamos avistar a cachoeira do Tombador no fundo do vale e as diversas quedas do rio da Bocaina/Palmital, antes de chegar ao vale propriamente dito. Na parte mais alta do rio aparecia metade da queda da cachoeira Fantasma, de difícil acesso e com poucos registros sobre.


No final dessa primeira descida há mais um córrego, um afluente do ribeirão Congonhas, outro ponto de água. Este é um pouco mais largo e fundo que o habitual, sem pedras na passagem. Na ida consegui passar sem tirar as botas (mas com quase metade de um pé dentro da água), na volta não arrisquei e passei descalço. Não queria correr o risco de terminar a caminhada com as botas molhadas e maltratar o pé igual no trekking Travessão-Tombador. Importante falar que, na margem direita desse córrego, numa faixa de mais ou menos 2 metros de largura, a vegetação estava dobrada, provavelmente por causa de uma cabeça d’água. Em caso de chuva forte na cabeceira, pode ser que este ponto fique intransponível.


Passando a água, uma breve subidinha e a descida final, que é feita ora por uma trilha, ora por um caminho criado pela passagem da água. Rapidamente nos aproximávamos da mata ciliar que acompanha o ribeirão Congonhas e da cachoeira.


3ª parte: Complexo Congonhas
Já próximo do leito do rio, a trilha se confunde com as rochas do local. Não procuramos a trilha mais batida que chega até a margem do ribeirão, só queríamos achar uma passagem mais tranquila pela mata ciliar (que nem era tão densa), pra chegar ao leito do Congonhas. Rapidamente conseguimos e, descendo um pouco pelo ribeirão, logo avistamos a trilha da margem esquerda.


Seguimos um pouco pela trilha, sentido Congonhas de baixo e, poucos metros depois, mais uma vez, a trilha voltou a se confundir com o campo rupestre. Agora era tranquilo, bastava descer até o poço. Começamos a descida meio que cortando caminho e logo interceptamos a trilha principal. A descida é um pouco pesada pra quem não está acostumado, são muitos degraus altos nas pedras e um caminho mais estreito que o habitual. O bom da descida pesada é que rapidamente estamos na parte de baixo, já de frente para a Congonhas de baixo.


Congonhas de baixo


O céu estava bastante nublado na hora, então fazia um pouco de sombra no poço da cachoeira. Pra quem já nadou nas águas polares de São Tomé das Letras no inverno, um pouco de sombra não é nada. Assim que tiramos a roupa, pulamos pra dentro do poço, sem cerimônia. Não esperava encontrar ninguém por lá, mas quando chegamos no poço havia mais três pessoas, uma família.


A água estava bastante agradável, depois de nadar um pouco e ser devidamente massageado pela queda da Congonhas de baixo, comemos o restante do pacote de Passatempo e iniciamos uma breve pernada até o poço de cima.


Congonhas do meio

Da Congonhas de baixo até a de cima são aproximadamente 700m de trilha subindo. Aquela descida pesada agora se transforma numa subida cansativa, mas logo estávamos próximo a Congonhas do meio, que tem um belo poço de águas cristalinas, embora a queda seja a menor de todas. Do ponto em que chegamos ao ribeirão, fica fácil visualizar a trilha que sobe, outro trecho pesado para os desacostumados. Entre trilhas e caminhos de água, continuamos subindo até encontrar nosso pote de ouro, o poço da Congonhas de cima.


Assim como a Congonhas de baixo, não é um poço grande e nem uma queda enorme, mas é bem atraente. O poço tem um tamanho médio, seja lá o que isso signifique para as outras pessoas, e a cachoeira é uma parede, por onde a água escorre. Dá pra arriscar uma escalada no paredão e uns pulos no poço, que pareceu ser bem fundo próximo a queda. Aliás, a diversão foi relembrar os tempos de moleque dando diversos saltos pra dentro da água.


Congonhas de cima

Enquanto nadava, escutei um assobio e logo apareceram dois viventes de mochila carregada nas costas. Pelo que lembro da conversa que tivemos, eles estavam vindo da pousada Duas Pontes, dariam uma passada pela Congonhas de cima e de baixo e iriam para a Pedra do Elefante. Pela tranquilidade deles, tirando várias fotos da cachoeira, imaginei que fossem acampar em algum lugar, provavelmente na região da Pedra do Elefante.


4ª parte: A volta
Depois de aproveitar bem o poço e imaginar um futuro retorno, arrumamos nossas coisas pra voltar, pois já era 14h30 e ainda queríamos arranjar um almoço. Pra dar um pouco de energia pra volta, resolvemos comer o biscoito Boa Vida que a Giulia tinha comprado mais cedo. Era uma bela de uma porcaria, foi difícil comer dois. rs.


Na mesma toada da ida, em duas horas chegamos na pousada Chapéu do Sol, não sem antes descobrir uma bela de uma parada para a volta. Já chegando na área das casas do condomínio Bosque do Sol, em uma das passagens por água, há uma trilha curtinha, de metros, que sai à direita do traçado principal, rumo a um tanto de árvore. Fui lá pra ver do que se tratava e descobri que, no meio daquelas árvores, havia um poço com uma pequena cascata, praticamente uma piscina natural. Era pra lá que a galera que trombamos na ida devia estar indo. Fica a dica, uma boa parada para tirar o sal do corpo e animar pra parte final da pernada, pela estrada do condomínio.



Chegamos ao Chapéu do Sol e a DR estava lá, do jeitinho que deixamos. Pelo adiantar da hora, já estava descrente quanto a um almoço na região, então indaguei um dos funcionários sobre o que tinha pra comer além dos salgados tradicionais. Pra minha surpresa ele falou que ainda fazia o PF, aí não teve outra, fizemos o pedido. Enquanto o PF não ficava pronto (deve ter demorado uns 30 minutos pra sair), as nuvens carregadas se transfomaram em chuva forte.


Caiu muita água e, como havia esquecido a capa interna da jaqueta, já me imaginava voltando pra BH sob chuva, a noite, encharcado e com frio. Pra nossa sorte, depois de cair muita água a chuva parou de vez, e retornamos pra BH no lusco-fusco do fim de tarde, sequinhos.


COMO CHEGAR:
De carro, saindo de Belo Horizonte, siga para a Serra do Cipó pela rodovia MG-010, são cerca de 100km até o distrito de Santana do Riacho. Chegando a vila, siga pela principal até o fim, vai começar uma subida de serra. São 3,2km desde a portaria do Véu da Noiva até o Restaurante Chapéu do Sol. No local há estacionamento, talvez seja uma boa ideia avisar os funcionários sobre a caminhada.

De ônibus, há linhas regulares entre Belo Horizonte e o Cipó, procure as empresas Serro e Saritur. Fique atento ao horário de volta, para não perder o ônibus. Indo desta maneira, uma melhor opção é iniciar e terminar a trilha pelo Caminho dos Escravos, bem próximo ao camping Véu da Noiva. Este trajeto também está disponível no Wikiloc.

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